O universo da tecnologia social é dominado por ações do governo e de organizações não-governamentais. Isso não quer dizer que seja pecado falar em negócios nessa área. Muitas ONGs adotam um modelo em que as soluções não saem de graça e em que a produção tem de andar com as próprias pernas.
Empresas tradicionais, daquelas em que empreendedores montam o negócio pensando no lucro, também têm aparecido na área social, às vezes com um empurrão do governo. A Daiken, com sede em Colombo, conseguiu uma linha de crédito da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep, um órgão do governo federal) para criar um elevador para pessoas com mobilidade reduzida, em especial cadeirantes e idosos. O produto já existe, mas é importado e custa muito caro, entre R$ 60 e R$ 80 mil. O objetivo é fazer um projeto totalmente nacional, com preço 50% menor.
"Os modelos feitos aqui são artesanais, não seguem as normas, e os importados são tão caros que não permitem a difusão da tecnologia", diz o engenheiro Sérgio Yassuo, gerente de acessibilidade da Daiken. O elevador é instalado na própria escada e conduzido por um trilho colocado perto do corrimão. Apesar de não ser propriamente do tipo simples e barato, o projeto se encaixa no conceito de tecnologia social. "E dá retorno financeiro."
A Finep também está estimulando a criação de tecnologias para levar a internet a lugares remotos. Um dos projetos do Paraná é conduzido pela STS, fabricante de equipamentos de telecomunicações de Cascavel. A firma se especializou em sistemas de telefonia via rádio, muito usados em lugares isolados porque é muito mais barato do que acionar um satélite ou passar dezenas de quilômetros de cabos. A ideia agora é transmitir dados pela frequência de rádio. "Queremos que seja viável levar a internet para os lugares mais remotos", diz o diretor da STS Adriano Stradiotto.
Outra frente de desenvolvimento explorada pela Finep é a construção de casas de baixo custo. Um dos projetos do Paraná, tocado pela Soliforte, uma empresa de reciclagem de Colombo, prevê a criação de módulos pré-moldados usando areia e brita obtidos do reaproveitamento de resíduos de construção civil. "Queremos oferecer um produto barato. É um negócio baseado no benefício social", diz o arquiteto Eduardo Sell Dyminski, sócio da Soliforte. (GO)