A forte concorrência no mercado nacional de veículos deve inibir aumentos de preços, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. "As montadoras não pretendem aumentar os preços porque não há espaço nessa guerra de mercado", disse hoje (19) ao comentar o aumento do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados.
A medida anunciada na semana passada eleva em 30 pontos percentuais a tributação para automóveis que têm menos de 65% de componentes nacionais ou sejam fabricados por empresas que não investem pelo menos 0,5% da receita em inovação. A mudança atinge principalmente os carros importados da China e Coreia do Sul, com crescente crescimento de vendas no país por serem mais baratos que os equivalentes nacionais.
Os preços baixos desses importados são, segundo Belini, fruto dos incentivos concedidos pelos governos dos países exportadores. Para Belini, a medida adotada pelo governo se justifica, diante desses incentivos. "A medida é dura, mas em nível de Brasil, é necessária do ponto de vista de manter a indústria sólida", disse.
Ao defender a medida, ele citou dados que demonstram a importância do setor automobilístico no país, responsável por 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e 22,5% do PIB industrial. Setor que fortalecido, poderá, de acordo com ele, ampliar a oferta de empregos qualificados. "Estamos falando de um projeto que atrai investimentos para criar empregos no país", destacou.
Apesar de ressaltar que as montadoras nacionais, que trazem peças e carros de fora, também serão afetadas, Belini não acredita que isso encareça o produto nacional. Segundo ele, adaptações para fabricar nacionalmente componentes importados não devem representar elevação de gastos. "A medida que vai ter maior produção local e escala de produção, não deve haver aumento de custos".