A busca de novos modelos de negócio em um mercado multiplataforma é o tema central do 9º Congresso Brasileiro de Jornais, aberto na manhã desta segunda-feira (20), em São Paulo. Promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), o evento reúne jornalistas e executivos da comunicação de todo o país.
A presidente da ANJ, Judith Brito, abriu o evento e falou sobre a importância de se manter um jornalismo independente, de credibilidade e financeiramente sustentável. "Buscamos inovação e multiplicar a audiência nas mídias digitais, sem perder o foco na informação de qualidade e credibilidade, bem precioso da democracia", disse.
O gerente-geral da divisão de novos seviços do jornal The New York Times, Michael Greenspon, fez a primeira palestra do evento e apresentou o modelo de paywall adotado pelo jornal, por meio do qual apenas dez reportagens podem ser lidas mensalmente sem custo por internauta. As pesquisas para adotar o modelo indicaram que 40% da audiência estava disposta a pagar algo pelo conteúdo das plataformas digitais. Em um ano, o jornal conquistou 509 mil assinantes digitais. Hoje, a receita de US$ 120 milhões, o equivalente a 5% das receitas do grupo jornalístico.
Fundamentos do jornalismo
O jornalista norte-americano Bill Kovach, ex-diretor da sucursal do The New York Times e co-autor de importantes obras sobre a produção jornalística, entre elas o livro "Os elementos do jornalismo - o que os jornalistas devem saber e o público exigir", foi o principal convidado do painel Fundamentos do Jornalismo: por que continuam valendo nas novas mídias.
Também tomaram parte da discussão na manhã desta segunda-feira (20) os jornalistas Ascânio Seleme, diretor de redação de O Globo, e Fernando Rodrigues, repórter e colunista da Folha de S. Paulo.
Kovach considera que o desafio de sobreviver no mundo de abundância de informação estabelecido pela internet -- questão-chave para a imprensa de hoje -- só será vencido pelos jornais que se propuserem a construir um modelo de negócio que leve em conta seu real valor. Em sua apresentação, Kovach fez um retrospecto sobre o que ensina a história a respeito do principal ativo dos jornais, lembrando que o jornalismo tem papel fundamental nas modernas democracias, em que a informação clara e bem apurada passou a ser fundamental para que o cidadão pudesse controlar os governos.
Para o jornalista norte-americano, fornecer dados e fatos sobre os quais o público pode formar opinião é o papel do jornal e é precisamente o que gera valor tanto para anunciantes quanto para leitores. "Os jornais têm a capacidade de colocar a informação em um contexto significativo, com um foco independente dedicado à verdade. É um trabalho que pode trazer ordem ao caos e é o que cidadãos precisam para serem livres e capazes de se autogovernar", declarou o otimista Kovach. Ele ressatou que o jornalismo feito para servir terá longa vida.
Programação
O evento, realizado no Sheraton WTC Hotel, na zona sul de São Paulo, se estende até a tarde desta terça-feira (21).
Cerca de dez painéis discutiram, neste primeiro dia, temas como novos modelos de negócios; a publicidade em um mercado multiplataforma; internet paga; o direito autoral em mídias digitais; autorregulamentação e liberdade de expressão.
Ao longo da tarde, aconteceram reuniões do Conselho Administrativo da ANJ. O programa desse primeiro dia se encerrou com a entrega do Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa à Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a posse da nova diretoria da ANJ.
Leia mais sobre a 9.o Congresso Brasileiro de Jornalismo na seção Mídia e Marketing, na próxima sexta-feira (24).
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