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Fusão

Conselheiro do Cade faz críticas a argumentos pró-BRF

O conselheiro Olavo Chinaglia, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), criticou nesta sexta-feira (17) alguns dos argumentos defendidos pela Brasil Foods para justificar a incorporação da Sadia pela Perdigão, que resultou na nova companhia.

Ele chegou até a citar o voto do conselheiro relator do caso no Cade, Carlos Ragazzo, que vetou a operação na semana passada.

"O conselheiro relator não teria feito um voto tão duro se não tivesse nenhum problema", disse Chinaglia, em entrevista a jornalistas após um evento que discutiu questões antitruste no Rio.

A BRF defende que a aprovação da fusão é pró-competitiva e que "não trará prejuízo aos milhões de consumidores atendidos pela empresa".

Chinaglia mostrou discordar também do argumento da BRF de que as duas empresas juntas resultariam em "um campeão nacional de exportações", e indicou que o Cade deve observar mais o mercado interno.

"As duas já estavam muito bem posicionadas lá fora e isso não pode ser um argumento, porque em primeiro lugar temos que olhar para o consumidor brasileiro que seria afetado por uma concentração", declarou.

"A empresa resultante da fusão permitiria um aumento de preços sem perda de demanda", concluiu.

Chinaglia lembrou ainda que o Cade não analisará o argumento de que a Perdigão evitou a falência da Sadia, afundada em dívidas na época da operação, há dois anos, após apostas erradas em mercados de derivativos cambiais que geraram uma perda bilionária.

"É muito claro que a Perdigão não era a única opção para a Sadia. Havia vários outros interessados", ponderou.

Por volta das 13h40 (horário de Brasília), as ações da BRF operavam em alta de 0,6 por cento, enquanto o Ibovespa operava praticamente estável.

O Cade ainda não recebeu uma nova proposta da Brasil Foods sobre o processo relacionado à associação entre Sadia e Perdigão, segundo o conselheiro.

Na semana passada, o relator do processo, Carlos Ragazzo, vetou a operação alegando que a união entre as duas empresas traria grandes prejuízos ao consumidor nacional.

Em sessão nesta semana, o conselheiro Ricardo Ruiz atendeu a pedido da empresa e suspendeu a análise do caso, dando mais tempo para uma negociação entre a companhia e o órgão.

"Não há um prazo legal para a BRF entregar uma nova proposta, ela poderia ter sido feita mesmo antes do voto do relator. É uma questão de interesse e de análise de risco que a empresa vai fazer. Quanto mais rápido apresentar, mais rápido o Cade resolve", declarou Chinaglia.

Segundo ele, a retomada do julgamento vai depender da entrega de uma nova proposta por parte de representantes da BRF.

Havia expectativas que o julgamento poderia ocorrer no dia 29 de junho, mas como o conselheiro Chinaglia tem um compromisso na Europa, o processo poderá ser reiniciado somente em julho, uma vez que não haveria quórum suficiente para analisar a fusão.

"Na semana do dia 29 vou representar o Brasil na reunião da OCDE, marcada desde o ano passado. Coincidiu que foi no meio do tumulto", disse.

"Mesmo que a proposta chegue a tempo, dificilmente as negociações vão estar concluídas até o dia 29. Numa situação extrema, se o caso depender da minha presença, deixo de ir à OCDE", explicou.

Chinaglia afirmou que o caso poderá entrar na pauta da próxima reunião do Cade, programada para 13 de julho.

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