Empresários e integrantes dos governos dos cinco países que participam da 5ª Cúpula do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), anunciaram que pretendem formar um conselho empresarial permanente para promover a ampliação dos negócios e a cooperação econômica dentro do bloco. A entidade terá caráter consultivo e deverá auxiliar os países-membros na formulação de propostas para a área.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que participa da cúpula dos Brics que começou nesta terça-feira (26) em Durban, na África do Sul , cada país escolherá cinco empresários que se reunirão uma vez por ano, sempre durante as cúpulas. Os nomes dos primeiros representantes brasileiros devem ser anunciados pela presidenta Dilma Rousseff nesta quarta (27), após uma reunião com os líderes dos outros quatro países.
De acordo com a CNI, um dos critérios para a escolha dos membros do conselho foi que os empresários tivessem negócios em pelo menos três países dos Brics e, portanto, uma boa noção das dificuldades para investir ou fazer negócios com cada um deles.
Nesta terça-feira, empresários dos cinco países membros participam em Durban de uma série de seminários e encontros de cooperação. Do Brasil, estiveram presentes mais de 40 executivos e empreendedores, entre eles representantes da Brasil Foods (alimentos), da Weg (motores) e da Marcopolo (ônibus).
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a ideia da criação do conselho empresarial dos Brics é engajar a sociedade civil dos países emergentes nos esforços de integração. Antes e durante a cúpula política também foram realizados debates acadêmicos que devem resultar na criação de um centro de estudos compartilhado pelos Brics.
Organizações não governamentais (ongs) e integrantes de sindicatos e entidades da sociedade civil estão reclamando da falta de interlocução com os participantes do encontro. Neste sentido, diversas organizações estão realizando um evento paralelo à cúpula oficial dos Brics que recebeu o nome de Brics from below (algo como Brics vindos de baixo, em tradução livre).
O objetivo da conferência paralela é discutir, por exemplo, como garantir que investimentos e novos negócios gerados pela maior integração dos países membros sejam, além de lucrativos para os empresários, vantajosos para as comunidades por eles afetadas.
Do Brasil estão presentes, por exemplo, uma delegação da Conectas, organização de defesa dos direitos humanos, e a Mais Democracia, que monitora o trabalho do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que vem cobrando transparência em relação ao projeto do banco dos Brics.
"Os líderes dos Brics reclamam que as instituições internacionais do pós-guerra não refletem mais a ordem global, mas em pleno século 21 excluir do diálogo os que falam por boa parte da população e da sociedade civil também é um atraso", disse Camila Asano, coordenadora de política externa da Conectas.