A situação econômica da Europa está melhor do que nos últimos anos, auge da crise da zona do euro, mas o fator político é motivo de preocupação, segundo um relatório da consultoria Eurasia Group, que listou os dez maiores riscos para o mundo em 2015.
De acordo com a Eurasia, há uma onda de indignação na Europa, especialmente contra a imigração, que leva ao renascimento de partidos que se posicionavam contra a União Europeia.
A consultoria também citou o Brasil, observando que a ascensão de líderes mais fracos politicamente, entre eles a presidente Dilma Rousseff; o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos; do sul-africano, Jacob Zuma; do nigeriano Goodluck Jonathan e do turco Recep Tayyip Erdogan, também são um risco para o mundo.
São presidentes com menor força política para fazer as reformas macroeconômicas ou responder a choques externos, diz a Eurasia.
Ajuste fiscal limitado
No Brasil, afirma a consultoria, Dilma Rousseff ganhou a eleição em um ambiente político altamente polarizado. Para a Eurasia, o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é um dos pilares positivos do novo governo para conduzir ajustes fiscais críveis e afastar o fantasma de outro rebaixamento do rating soberano do país.
Como pontos negativos, a Eurasia cita o passivo de escândalos na Petrobras que o governo reeleito terá que enfrentar. A Eurasia lembra que hoje o Brasil tem uma classe média mais exigente, o que também limita o espaço para um ajuste fiscal mais amplo ou reformas econômicas estruturais, levando a uma trajetória de crescimento mais baixo.
A Eurasia observa que o crescimento menos vigoroso da China também afetará o desempenho da economia brasileira este ano. A consultoria cita a estagnação da economia brasileira, em 2014, e diz que Dilma Rousseff terá que cortar os gastos do governo e elevar impostos para compensar a queda na arrecadação.
Com a queda no preço das commodities, a consultoria avalia que o o real continuará sendo depreciado, em 2015. Com isso, a popularidade de Dilma deve cair ainda mais, enfraquecendo-a politicamente, e tornando mais difíceis as reformas macroeconômicas, observa a Eurasia.
Uma Europa dividida
"Mas o principal risco político para 2015, em nossa avaliação, é a situação política da Europa", diz o relatório assinado por Ian Bremmer, presidente da Eurasia, e Cliff Kupchan, presidente do conselho da consultoria.
Mesmo na Alemanha, diz a Eurasia, é limitada a capacidade da chanceler Angela Merkel para apoiar o aprofundamento da integração europeia e da estabilização da Zona Euro.
A consultoria lembra que o atrito entre membros da União Europeia está aumentando, e que umas das soluções seria um trabalho mais integrado entre os governos da Alemanha, França e Reino Unido. Mas isso parece impossível, já que a França não pode cobrar austeridade fiscal, uma vez que não cumprirá suas metas fiscais. Já os britânicos tendem a permanecer desligados da União Europeia.
Rússia enfraquecida
O segundo maior risco para o mundo, segundo a Eurasia, é a situação da Rússia, enfraquecida economicamente pela queda no preço do petróleo e sofrendo sanções do ocidente, após a interferência na Ucrânia.
"O Kremlim se sente hostilizado e uma Rússia mais agressiva é um risco para o cenário global. Europa e Estados Unidos cada vez mais vão tratar a Rússia como um estado pária", afirma a Eurasia.
China desacelera
A desaceleração da economia chinesa é o terceiro maior risco global apontado pela Eurasia. Mas isso deve prejudicar muito mais os parceiros comerciais do país do que propriamente a economia doméstica chinesa.
As reformas do presidente Xi Jipiing são elogiadas, mas devem levar o país ao um modelo de crescimento mais lento do que o atual.
A consultoria lembra que, outro risco, é o fato de os Estados Unidos continuarem sendo a única superpotência do mundo e estarem usando a retomada de sua economia como 'uma arma financeira'. O dólar ganhou força e isso está sendo usado como instrumento de política externa e de segurança, observa a Eurasia.
Também estão entre os maiores riscos em 2015, segundo a Eurasia, o crescimento do grupo extremista Estado Islâmico; a necessidade de maior participação do governo para garantir a estabilidade política para que os negócios em setores estratégicos sejam positivos; a rivalidade entre o Irã e a Arábia Saudita; as desavenças entre Taiwan e China e a situação deteriorada do sistema político da Turquia, resultando em brigas internas.
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