Churrasco mais barato em 2011 fica só na vontade
Vilã da cesta básica em 2010, a carne vai continuar pressionando o bolso do consumidor neste ano. Apesar de já ter caído no campo, o preço segue salgado no varejo. Cortes mais nobres, como a picanha e o filé mignon, chegam a custar mais de R$ 40 o quilo em alguns supermercados de Curitiba. E a tendência é que os valores se mantenham elevados ao longo do ano, afirmam especialistas. "Podemos não ter picos tão altos quanto os do ano passado, mas as médias de preço de 2011 certamente serão maiores que as de 2010", prevê o analista Carlos Cogo, da Cogo Consultoria Agroeconômica.
Com o preço da carne bovina em alta, o jeito é gastar mais para manter o cardápio e fazer pequenas alterações no decorrer da semana. É o que faz o casal Raquel Pedroso Machado e Roberto Donizete Machado. Com quatro filhos em casa, a preferência na mesa é a carne bovina, mas sempre que possível Raquel incrementa a refeição com uma carne suína ou apela para a carne bovina moída, de segunda, que é mais barata. "Fazemos compra a cada quinzena e o aumento da carne do boi pesou, mas vamos fazer o quê? Não dá para abrir mão", comenta Machado, que é segurança.
A professora Karine Mioduski Rodrigues e o marido Marco Rodrigues também adotam o mesmo comportamento. "Compramos frango, enlatados e peixe, mas não dá para deixar de comprar carne bovina porque a gente sente falta", comenta. Eles são apenas três na residência, mas para manter a carne de boi é preciso gastar um pouco mais no mercado. "Não é só a carne que subiu; outros derivados também, como o leite, então temos de economizar na medida do possível", diz.
A também professora Taísa Justus, que mora apenas com uma empregada doméstica, avalia que a alta do alimento é sentida principalmente nas casas com famílias numerosas. "Eu, como sou praticamente sozinha, posso manter esse pequeno luxo", afirma. Taísa lembra que o dinheiro usado para comprar um pedaço de carne bovina hoje dava para comprar duas quantidades no começo do ano passado. "Mas é assim mesmo, baixar não vai", acredita.
Cleverson Luís Alves da Silva, que é açougueiro, conta que mesmo com a alta o consumo foi grande. "Só nas festas de fim de ano o movimento cresceu 70%", relata. Ele afirma que a venda de carne suína tem crescido, mas ainda não bate a de carne de boi.
Quem não abre mão de um churrasco com os amigos sente no bolso a manutenção do hábito. O empresário José Luiz Zanella, que reúne os funcionários e amigos pelo menos duas vezes por semana na churrasqueira de sua gráfica, diz que até meados do ano passado o rateio saía a R$ 15 por pessoa, mas agora sai por R$ 20. "O jeito vai ser todo mundo virar vegetariano", brinca. Mas, reforça Zanella, é difícil mudar o hábito. "Quem come picanha não vai querer trocar por outra coisa", acrescenta.
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