Com a instabilidade econômica, o consumidor não só vem reduzindo gastos, mas também mudando o perfil de compras. Especialistas apontam que cresce a tendência de o brasileiro substituir a aquisição de bens duráveis de maior preço que em geral precisam de financiamentos longos pelo consumo de serviços e produtos mais baratos e que não implicam endividamento. Nessa lista entram as idas a restaurantes e bares, cinemas, compras de produtos de beleza, por exemplo.
"Tivemos uma temporada de verão muito boa e os restaurantes continuam cheios. Tanto que 46% das empresas do setor no Paraná pretendem contratar pessoal em março", diz Luciano Bartolomeu, diretor executivo da regional da Associação Brasileira de Bares e Resturantes (Abrasel). Outro segmento que se mantém firme é o de salões de beleza. "As mulheres continuam frequentando os salões. A diferença é que algumas estão substituindo os grandes, localizados em shopping centers, pelos de bairro", lembra Maria Deli Medeiros de Medeiros, presidente do Sindicato dos Salões e de Centros de Estética (Sincaces).
Elasticidade
Para o economista José Pio Martins, professor da Universidade Positivo, essa mudança no perfil de consumo é natural. "É o que chamamos, no jargão do setor, de elasticidade. É quando a redução do um gasto com um determinado bem afeta positivamente o consumo de outro", lembra. "É o caso daquela família que suspendeu a viagem para o Nordeste e resolveu ficar em Curitiba e que vai gastar no restaurante, no cinema, no shopping daqui", exemplifica.
Para Marcos Pazzini, diretor da consultoria Target Marketing, aquele consumidor que tem frustrada a sua capacidade de comprar um bem de maior valor sacia a sua vontade de consumir adquirindo outros bens ou usando serviços de preço menor".
Este tipo de comportamento não é novidade, mas especialistas dizem que ele se intensifica em épocas de crise econômica. Durante a Grande Depressão de 1929 nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas formavam filas intermináveis na entrada dos cinemas. "Também já está provado que em tempos de crise cresce o consumo de produtos de beleza. As pessoas procuram se sentir bonitas como forma de não aparentar que estão sofrendo com as dificuldades." (CR)
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