Dezessete anos após a entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor, as novas gerações vêm crescendo em um ambiente mais acostumado com reclamações, trocas de mercadorias com problemas e defesa de seus direitos.
Aos 13 anos, a estudante Victória Loss já sabe, na prática, que não precisa ficar com um produto defeituoso. Passou duas vezes pela experiência de trocar presentes: um álbum de fotos que veio manchado e um quebra-cabeça que era para ser de mil peças, mas veio com 988.
"Na primeira vez que fui trocar um produto fiquei com vergonha, mas agora já sei que não há problema nenhum. É uma obrigação da loja. Aprendi com a minha mãe, que costuma ser bem exigente com atendimento: se não somos bem tratadas, não compramos mais naquele lugar", conta.
Fábio Miyoshi Arimori, de 12 anos, diz que já não depende mais dos pais para reclamar seus direitos. "Quando tenho algum problema com um produto, me viro sozinho", conta.
E está se tornando um especialista em assuntos do consumidor: faz o vendedor testar todos os produtos eletrônicos que compra, insiste na troca se há algum defeito e, se necessário, pede ajuda ao Procon.
"Normalmente. quando a empresa não me atende, ligo para saber o que fazer, mas ainda não tive de ir lá reclamar de ninguém", comenta. A última vez que precisou de ajuda foi para a troca de um pote de sorvete com gosto estranho.
"Liguei várias vezes e não consegui contato. No Procon, me orientaram a mandar um e-mail para a empresa. Mandei uns cinco e-mails até resolver o problema. O caminhão da empresa trouxe o sorvete aqui em casa", ensina.