Opinião
Por que não destacamos os dados do Paraná
Franco Iacomini, editor de Economia
O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) divulgou ontem um levantamento sobre o Produto Interno Bruto do Paraná. Os dados, entretanto, não revelam o crescimento no terceiro trimestre deste ano, mas apenas o crescimento acumulado de janeiro a setembro. Consultado pela reportagem, o economista Francisco José Gouveia de Castro, do núcleo de Macroeconomia e Conjuntura do órgão, afirma que o Ipardes "ainda não tem instrumental estatístico para realização do calculo da variação do PIB em periodicidade trimestral".
Os dados do Ipardes mostram que a economia paranaense apresentou avanço de 4,6% no período de janeiro a setembro de 2012 (mais que a média nacional no período, de 2,2%); na medição anterior, de janeiro a junho, o aumento havia sido de 3,9%. Uma subtração simples indicaria elevação próxima de 0,7%, mas a conclusão é "estatisticamente inconsistente", conforme observa Gouveia de Castro.
Em todo o mundo, o acompanhamento das contas é feito por trimestre, e divulgado da mesma forma. Isso ocorre para permitir que os dados sejam comparáveis entre si e dar aos agentes econômicos informações suficientes para orientar sua tomada de decisão. Os dados apresentados pelo Ipardes servem pouco a esses propósitos, já que não podem ser comparados com os do IBGE, porque têm periodicidade distinta e foram trabalhados sob metodologia diferente. Apresentá-los lado a lado poderia causar a impressão de que são equivalentes.
Cabe lembrar que, recentemente, o Ipardes avisou que deixaria de realizar a Pesquisa Mensal de Emprego, que era divulgada desde 2003.
Pior desempenho
Com a queda de 0,5% no PIB no terceiro trimestre deste ano, o Brasil teve o pior desempenho entre os países que apresentaram recentemente suas contas nacionais. França e Itália, em meio à crise europeia, registraram retrações de 0,1%. Na ponta oposta, Coreia do Sul teve a maior alta trimestral até agora: 1,1%. Entre os Brics, o Brasil vem abaixo de China (7,8%) e Índia (4,8%).
A economia brasileira encolheu 0,5% no terceiro trimestre de 2013 sobre o trimestre anterior, registrando o primeiro resultado negativo do ano e também o pior dos últimos quatros anos, puxado, sobretudo, pela queda nos investimentos. Em um contexto de novo ciclo de alta nos juros, crédito mais restrito e credibilidade em baixa, uma recuperação na reta final do ano é difícil, mas não impossível, segundo os analistas.
INFOGRÁFICO: PIB brasileiro volta a cair
Em termos de demanda, ao contrário do trimestre anterior, a economia gerada entre julho e setembro de 2013 não foi puxada pelos investimentos (a formação bruta da capital fixo, que recuou 2,2%), mas sim pelo consumo das famílias, que cresceu 1%, e do governo (1,2%). Tal dado, para boa parte dos economistas, confirma a perda do dinamismo da economia brasileira.
Sob a ótica de produção e oferta, a agropecuária fez o caminho inverso do segundo trimestre e registrou um recuo de 3,5% no valor adicionado movimento que é considerado natural pela economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, diante dos avanços que o setor registrou nos períodos anteriores.
Ao mesmo tempo, indústria e o setor de serviços (que no índice do PIB também inclui o comércio) mantiveram-se praticamente estáveis, com pequenas altas de 0,1%, ambos.
Sobre o mesmo trimestre de 2012, o período de julho a setembro deste ano registrou alta de 2,2%. Nesse caso, o resultado foi puxado tanto pelo maior dinamismo de alguns setores em relação ao ano anterior, como o de serviços, como também pelos avanços das transações comerciais externas (exportações, com 3,1%, e importações, com 13,7%) e dos investimentos (7,3%).
Perspectivas
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apesar da queda no último trimestre, a economia brasileira está em trajetória de expansão gradual. "Nosso crescimento de 2012 será de 1% e este ano estaremos crescendo mais que o ano passado", disse ele à Agência Estado, mencionando o dado de 2012 revisado pelo IBGE. "Portanto, a economia brasileira está numa trajetória de crescimento gradual que deve continuar nos próximos trimestres." Ele acredita em um PIB entre 2,3% e 2,4% para o ano de 2013. Surpreendentemente, as previsões do ministro estão um tanto mais comedidas que algumas do mercado, que apontam para um crescimento ligeiramente maior para o ano, de 2,5%. No geral, governo e mercado concordam que bons resultados dependerão, de qualquer forma, de um maior dinamismo da indústria e da retomada dos investimentos.
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