São Paulo - As montadoras criaram 1.262 vagas em agosto a maior contratação desde julho do ano passado. Mas o nível de emprego na indústria automotiva ainda registra déficit de 10.871 postos em relação a outubro de 2008, quando a crise começou a se fazer sentir com mais intensidade no setor. No mês passado, o número de empregados nas montadoras somou 120.846 trabalhadores, segundo dados divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O avanço nas contratações ocorreu apesar da continuada queda na produção. Em agosto, a indústria registrou a 11ª retração mensal consecutiva na fabricação de veículos. Houve redução de 5,7% em relação ao mesmo período no ano anterior. A queda foi puxada pela redução de 30,4% nas exportações em agosto ante o mesmo mês do ano passado.
Com a aproximação do fim do IPI reduzido sobre os carros, marcado para o fim deste mês, as montadoras aumentaram os estoques de veículos para 26 dias 223.836 unidades em agosto, ante 22 em julho, o que é visto pela Anfavea como uma preparação das montadoras para o crescimento das vendas neste mês. Para o presidente da Anfavea, Jackson Schneider, um número "confortável" para os estoques se situa entre 23 e 24 dias.
De acordo com David Wong, especialista do setor automotivo da consultoria Kaiser Associates, as contratações em agosto estão relacionadas à produção das linhas 2010 e aos lançamentos. "Por causa disso, é possível que haja novos aumentos nas contratações. Mas ainda estamos muito distantes do período pré-crise", disse Wong.
IPI maior
Sobre o aumento gradual do IPI, Schneider destacou que outros dois fatores influenciaram a expansão dos emplacamentos: a volta da confiança do consumidor e o maior volume de crédito disponível. Por isso, segundo ele, é difícil avaliar como o mercado se comportará.
"Quando o IPI caiu, houve repasse para o consumidor. O aumento da carga tributária tem impacto nos custos, mas a alta nos preços dos veículos vai depender da decisão de cada montadora", disse. A possível elevação do preço do aço e as paralisações nas fábricas da Renault e da Volkswagen no Paraná são duas preocupações das montadoras. "O aço traz outro efeito adicional de pressão de custos, e nenhuma negociação trabalhista pode olhar só o curto prazo", afirmou Schneider. Em agosto, os licenciamentos de veículos caíram 9,6% ante julho.