A renovação da concessão da Copel Distribuição por mais 30 anos, assinada na semana passada, fará pouca diferença para o cliente da empresa, pelo menos em 2016 e 2017, os dois primeiros anos do novo contrato. As metas de qualidade de fornecimento, que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) impôs a cerca de 40 distribuidoras do país como principal condição para a renovação, só vão ficar mais rígidas a partir de 2018.
INFOGRÁFICO: Veja quais as metas de eficiência que a Copel terá de perseguir nos próximos anos.
O órgão regulador levará em conta dois indicadores de continuidade do serviço. O primeiro, conhecido pela sigla FEC, aponta a quantidade de vezes que – em média – cada unidade consumidora ficou sem energia ao longo de um ano. O limite aceito pela Aneel já vinha baixando e continuará em queda, mas em ritmo mais fraco no ano que vem. O teto para 2016 é de 9,24 desligamentos por unidade, ante 9,33 neste ano.
O outro indicador, o DEC, revela a quantidade de horas sem energia. Neste caso, a tolerância vai até aumentar no início. Em 2016, o limite para a Copel será de 13,61 horas por cliente, acima das 11,78 horas toleradas neste ano. O teto só ficará abaixo do atual em 2018.
“A Aneel espera que nos primeiros anos as empresas façam um esforço enorme de investimento. É preciso considerar que a melhoria dos sistemas, com obras, exige o desligamento da energia, o que até piora os índices de continuidade”, diz o diretor-presidente da Copel Distribuição, Vlademir Daleffe.
Além de perseguir critérios de qualidade, as distribuidoras terão compromissos vinculados à gestão econômico-financeira. De saída, o Lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) terá de ficar no azul. Com o tempo, outros requisitos entram na conta.
Quem descumprir as metas por dois anos seguidos ou no quinto ano – 2020, um “primeiro marco” do contrato – terá a concessão extinta. A partir de 2021, as empresas não podem descumprir os níveis de qualidade por três anos seguidos ou os de gestão por dois anos consecutivos.
Investimentos
Daleffe não vê dificuldades para a Copel cumprir as condições. A principal ação da empresa será o investimento, entre 2016 e 2018, de R$ 500 milhões em áreas rurais do estado, onde os índices de continuidade são piores. A empresa pretende construir 3 mil quilômetros de redes e 30 subestações, instalar 1,5 mil religadores automatizados e implementar redes inteligentes nas regiões do interior.
Segundo comunicado enviado ao mercado, a Copel pretende cumprir o contrato com três linhas de atuação: foco em automação em novas tecnologias, adoção da estrutura de governança corporativa que será definida pela Aneel e “aplicação integral” dos reajustes de tarifa aprovados pela agência reguladora – o que nem sempre aconteceu nos últimos anos.
DE VOLTA AO AZUL
A Copel Distribuição melhorou seus resultados financeiros. Depois de dois anos seguidos de prejuízo (R$ 43 milhões em 2012 e R$ 79 milhões em 2013), que lhe valeram cobranças da Aneel, a empresa fechou 2014 com lucro líquido de R$ 438 milhões. O Lajida, indicador que consta das metas do novo contrato de concessão, chegou a ficar negativo em 2013, mas voltou ao azul em seguida.
Empresa estourou limite em 2014
No ano passado, cada cliente da Copel ficou, em média, 14,01 horas sem energia, acima do limite de 12,28 horas estabelecido pela Aneel. Foi a primeira vez que a empresa estourou o teto do DEC desde 2006.
Esse indicador havia recuado por três anos seguidos e atingido, em 2012, a melhor marca da história da concessionária (10,25 horas), mas subiu nos dois anos seguintes.
O diretor-presidente da Copel Distribuição, Vlademir Daleffe, atribui essa piora a “eventos climáticos extremos”. Um deles foi um temporal em fevereiro de 2014, no fim da tarde.
“Foi um dos mais severos de que temos registro e pegou Curitiba bem na hora rush. Com o trânsito intenso, as equipes da Copel tinham dificuldade em chegar aos locais, o que atrasou o restabelecimento de energia”, explica.
Segundo Daleffe, a partir de 2016 a Aneel permitirá que situações como essa, que fogem ao controle das empresas, sejam “expurgadas” das metas. “Se esse critério já valesse, a Copel não teria superado o limite em 2014”, diz.
Ranking
A piora dos índices se refletiu no ranking de continuidade das distribuidoras, elaborado pela Aneel. A Copel, 5ª melhor da lista em 2011, caiu ao 22º lugar no ano passado. Por outro lado, argumenta o diretor, neste ano a empresa foi eleita a melhor distribuidora do país e da América Latina em pesquisas com consumidores.
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