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Quase interrompida

Copom considerou não baixar juros na última semana

Apesar de entender que "diversos fatores" respaldariam a decisão de manter a taxa de juros inalterada já na reunião do mês de setembro, ocorrida na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliou o cenário econômico e considerou que, neste momento, o "balanço dos riscos" [fatores que pressionam os preços para cima e para baixo] para a trajetória futura da inflação ainda justificaria "estímulo monetário adicional" - corte de juros.

A informação foi divulgada nesta quinta-feira (13) pelo Copom, por meio da ata de sua última reunião. "O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", informou o BC. Na reunião da semana passada, os juros caíram 0,25 ponto percentual, para 11,25% ao ano. Isso representa um ritmo menor em relação aos 0,50 ponto percentual de redução das duas reuniões anteriores do Copom.

O Copom define os juros com base no sistema de metas para a inflação. Para este ano e para 2008, a meta central de inflação, ou seja, na qual o BC mira com base definição dos juros, é de 4,5%. Existe um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima e para baixo, de modo que a inflação pode ficar entre 2,50% e 6,50%, com base no IPCA. Para este ano e para 2008, o mercado projeta um IPCA ao redor de 4%, abaixo ainda, portanto, da meta central.

A decisão do Banco Central de reduzir os juros em 0,25 ponto percentual em seu último encontro era amplamente esperada pelo mercado financeiro, embora já houvesse analistas defendendo uma "parada estratégica" para avaliar o cenário macroeconômico antes de dar continuidade ao processo de redução dos juros. Para o próximo encontro do Copom, em outubro, a expectativa do mercado, pelo menos até o momento, é de um novo corte de 0,25 ponto percentual, para 11% ao ano. Em dezembro, porém, o Copom, ainda segundo os analistas, não baixaria os juros.

Efeitos tardios

O Copom informou ainda que considera "relevante" ressaltar, mais uma vez, que há "defasagens importantes" entre a implementação da política monetária e seus efeitos sobre o nível de atividade e sobre a inflação. Segundo especialistas em política de juros, os efeitos de um corte, sobre a economia, ocorrem completamente dentro de seis meses. Deste modo, argumentam que o país ainda estaria sofrendo influência de reduções de juros efetuadas no passado.

"Desde o início do ciclo de flexibilização da política monetária, em setembro de 2005, a taxa de juros básica já foi reduzida em 8,25 pontos percentuais, sendo que parcela substancial da redução ocorreu nos últimos nove meses. Assim, parte importante dos efeitos dos cortes de juros ainda não se refletiu no nível de atividade, e tampouco os efeitos da atividade sobre a inflação tiveram tempo de se materializar. Dessa forma, a avaliação de decisões alternativas de política monetária deve concentrar-se, necessariamente, na análise do cenário prospectivo para a inflação e nos riscos a ele associados, em vez de privilegiar os valores correntes observados para essa variável", informou a ata do Copom.

Ao longo dos próximos meses, diz ainda o documento do BC, a expansão do nível de emprego e da renda e o crescimento do crédito continuarão impulsionando a atividade econômica, a despeito da própria aceleração da inflação corrente e de certa elevação das taxas de juros de mercado.

"A esses fatores de sustentação da demanda devem ser acrescidos os efeitos da expansão das transferências governamentais e de outros impulsos fiscais [aumento de gastos públicos] esperados para os próximos trimestres deste ano e para 2008. Dessa forma, os efeitos defasados dos cortes de juros sobre uma demanda agregada que já cresce a taxas robustas se somarão a outros fatores que continuarão contribuindo de maneira importante para a sua expansão. Essas considerações se tornam ainda mais relevantes quando se levam em conta os nítidos sinais de demanda aquecida e o fato de que as decisões de política monetária terão efeitos bastante limitados sobre 2007, e passarão a ter impacto predominantemente sobre 2008", concluiu.

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