A ata da reunião de julho do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira pelo Banco Central, afirma que há evidências de descompassos entre o crescimento da oferta e da demanda no cenário global. Isso, para os diretores do BC, gera "riscos inflacionários significativos na economia mundial".
No documento, a autoridade monetária cita que as perspectivas para a inflação estão em "ambiente de maior incerteza". Por isso, "o comitê avalia que o risco de materialização de um cenário inflacionário menos benigno segue se elevando".
Essa opinião dos diretores do BC sobre as incertezas relacionadas à evolução da inflação é baseada por uma série de indicadores que apontam para rumos diferentes. O texto cita, por exemplo, que "o ritmo de expansão da demanda doméstica continua bastante robusto e responde, ao menos parcialmente, pelas pressões inflacionárias que têm sido observadas no curto prazo". Essa pressão acontece, segundo o BC, "a despeito do forte crescimento das importações e do comportamento benigno do investimento".
Outro fator relaciona a desaceleração moderada e maior volatilidade da economia mundial. Diante desse quadro, o BC avalia "com as informações disponíveis até o momento" que o balanço de pagamentos não deve apresentar risco iminente para o cenário inflacionário. Nesse ambiente, o Copom cita novamente a perspectiva de acomodação dos preços das matérias-primas (commodities) internacionais.
"Em linhas gerais, a influência do cenário externo sobre a trajetória prospectiva da inflação brasileira continua sujeita a efeitos contraditórios e envolta de considerável incerteza", cita o documento.
Commodities
O Copom avalia que uma eventual acomodação dos preços das commodities no mercado internacional poderia "contribuir para evitar que as pressões inflacionárias se intensifiquem ainda mais", segundo a ata da reunião de julho. No documento, os diretores do BC ponderam, contudo, que a redução "pronta e consistente" do descompasso entre o crescimento da oferta de bens e serviços e o da demanda doméstica continua sendo uma questão "central".
Nesse trecho do documento, o Copom cita que "surgiram evidências preliminares nas últimas semanas" de acomodação dos preços das commodities. A avaliação positiva sobre esses itens é seguida pela lembrança de que a atividade econômica interna continua aquecida. "O Copom avalia que o ritmo de expansão da demanda doméstica, que deve continuar sendo sustentado, entre outros fatores, pelo crescimento da renda e do crédito, continua colocando riscos importantes para a dinâmica inflacionária", diz o trecho.
Diante desse quadro, os diretores do BC avaliam que "a redução pronta e consistente do descompasso" entre oferta e demanda "continua sendo central" na avaliação da política monetária.