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O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, surpreendeu o mercado e cortou nesta quarta-feira (7) a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual, para 9,75% ao ano. Com isso, elevou o ritmo de queda do juro básico da economia iniciado em agosto, quando a taxa havia sido reduzida em 0,5 ponto porcentual.
A última vez que o Copom havia reduzido a Selic a um dígito foi em abril de 2010, quando ela foi para 9,50%.
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IMPACTO: Saiba quem ganha e quem perde com a redução dos juros
"Dando continuidade ao processo de ajuste das condições monetárias, o Comitê de Política Monetária (do Banco Central) decidiu reduzir a taxa para 9,75%" ao ano, afirmou a instituição em breve comunicado.
A decisão superou a previsão da maior parte dos analistas financeiros. De acordo com levantamento do AE Projeções, serviço da Agência Estado, de 75 instituições financeiras consultadas, 72 esperavam uma queda de 0,5 ponto porcentual, duas apostavam em corte de 0,75 ponto porcentual e uma em 1 ponto.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 17 e 18 de abril. A ata da reunião desta quarta-feira (7) será divulgada pelo BC na quinta-feira da próxima semana, dia 15 de março.
Redução busca estimular economia
O BC deixou claro, na ata da sua última reunião do Copom, em janeiro, que queria buscar uma Selic de um dígito. Naquele momento o Copom informou que "atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito". Na decisão de agora, a autoridade monetária retirou do comunicado a expressão "ajuste moderado" na Selic, adotada nos últimos meses. O passo mais acelerado do BC agora busca estimular a atividade.
Com o fraco desempenho econômico no ano passado, o governo uniu forças para garantir que haverá mais estímulos à economia e o discurso também passou por mais reduções de juros. O último alerta veio da indústria, um setor que tem mostrado fraqueza neste início de ano. Na terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,3% no quarto trimestre de 2011 em comparação com o terceiro, levando a expansão acumulada no ano a 2,7%, abaixo da expectativa do governo. Embora o desempenho tenha indicado que a atividade econômica começou a melhorar no fim do ano passado, o setor industrial seguia bastante fraco. Nesta quarta-feira o IBGE mostrou que a indústria continua sofrendo, com a produção caindo 2,1% em janeiro ante dezembro, a maior redução mensal desde dezembro de 2008 - no auge da crise financeira global.
Quem ganha e quem perde com a redução
A redução da taxa Selic beneficia o consumidor que depende de financiamentos, o empresário que pode investir e gerar empregos, bem como o trabalhador, a atividade produtiva em geral e o crescimento sustentável da economia.
Para o investidor, no entanto, o cenário com juros menores não é o melhor, já que o aumento da rentabilidade, nesse caso, está diretamente associado a juros maiores. Para os banqueiros, juros mais altos também são mais interessantes, porque eles ganham com títulos públicos na rolagem da dívida imobiliária e contratam empréstimos externos, a juros baixos, para internalizá-los e ganhar a taxa Selic, que continua a taxa nominal mais alta do mundo.