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Correntista fica em média 22 dias por mês no vermelho

O mês de quem usa o cheque especial é divido em duas partes: os oito primeiros dias com dinheiro na conta e o restante do mês com o cheque. Na média, quem começa a usar esse crédito leva longos 22 dias para voltar ao azul. Portanto, dados do Banco Central mostram que esses clientes contam com dinheiro disponível apenas na primeira semana após o depósito do salário.

Historicamente, o uso do cheque especial é duradouro. Desde que a autoridade monetária começou a acompanhar o uso desse empréstimo automático, a média de dias de uso nunca foi inferior a 19.

Mas a situação parece estar vagarosamente piorando. Em outubro do ano passado, mês após o estouro da crise financeira nos Estados Unidos, o cheque foi usado, na média, por 22 dias pela primeira vez na história. Esse número voltou a se repetir em março e abril de 2009.

A situação é pior para 9,7% desses clientes. Para o grupo, a conta corrente não volta ao azul quando o salário chega. Isso porque praticamente um em cada dez usuários do cheque especial estão permanentemente no vermelho há pelo menos 3 meses, situação que caracteriza, para o Banco Central, inadimplência.

Para os especialistas em finanças, o uso mensal repetido do crédito por um período de muitos dias indica que as pessoas usam o limite disponível como se fosse um complemento da renda, sem lembrar que é um empréstimo.

"Há falta de planejamento. Esses consumidores são muito confiantes do ponto de vista psicológico quanto à situação financeira. Para eles, a situação vai, no mínimo, continuar na mesma ou até melhorar. Diante disso, ele prefere pensar nas finanças apenas no futuro", diz o consultor Daniel Milanez, sócio da IGC Partners.

Para ele, a irracionalidade é o principal fator que leva os consumidores às dívidas.

"As pessoas sabem que será mais vantajoso se pouparem e usarem o dinheiro para comprar à vista. Mas quem tem paciência para esperar para consumir? Ele quer agora", diz. Para Milanez, só a educação financeira pode mudar o quadro. Ele dá como exemplo o conceito muito propagado no Brasil do financiamento que "cabe no bolso". "Se é possível pagar a parcela mensal, ninguém nem procura saber o juro que está pagando", afirma.

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