O Banco Central previu nesta terça-feira (23) que o mercado de crédito em 2015 terá o desempenho mais fraco dos últimos 12 anos. A retração econômica, somada ao ciclo de alta dos juros, levará a uma expansão de apenas 9% dos financiamentos. Os bancos públicos continuarão a puxar os empréstimos, mas não com o mesmo vigor de antes. O setor imobiliário também já vem perdendo a força nos últimos meses. Apesar disso, os juros para o consumidor não param de subir e bater recordes de alta. “A nova projeção está mais realista, pois já estava meio claro que o crescimento seria menor do que 10%”, avaliou o economista do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.
O temor do brasileiro em se endividar em um momento de fechamento de postos de trabalho e os bancos mais seletivos na hora de conceder linhas também ajudam a formar a expectativa de que o volume de financiamentos vai desacelerar pelo quinto ano consecutivo. A projeção anterior do BC era de expansão de 11% do crédito este ano ante alta 11,3% em 2014. Em 2003, a elevação foi de 8,81%.
“Boa parte dessa revisão decorre da evolução do crédito nos primeiros cinco meses do ano”, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. De janeiro a maio, o estoque de dinheiro emprestado subiu 2,1%, para R$ 3,081 trilhões. Em 12 meses, a alta é de 10,1%, o que pressupõe que está embutida na previsão do BC uma queda em algum momento até o final do ano.
Inadimplência
Apesar do quadro negativo para obtenção de crédito, a inadimplência continua em patamares confortáveis, de acordo com o Banco Central. Subiu de 4,6% para 4,7% no mês passado. A alta de 0,1 ponto porcentual no período ficou com os bancos públicos.
O financiamento imobiliário, apesar de mais resistente, também dá sinais de esfriamento, como em maio, quando subiu apenas 1% ante abril. “O crescimento imobiliário mensal é pequeno para a modalidade, que geralmente tem altas mensais próximas a 2%”, comparou Maciel. Ele lembrou que esse segmento atingiu o pico de crescimento em 2010, de 56%, e que a partir daí houve desaceleração desse mercado. Em 12 meses até maio passado, a alta está em 24,5%.
Já as concessões de crédito imobiliário com recursos direcionados para pessoas físicas despencaram 29% no mês passado em relação a abril. Maciel comentou, no entanto, que variações mensais oscilam muito e, por isso, o melhor é observar resultados acumulados. Nos primeiros cinco meses do ano, a alta é de 0,9%. O juro desse segmento ainda é menor que o das demais modalidades – ficou em 10,1% ao ano no mês passado.
A taxa de juros média de mercado em maio foi de 42,5% ao ano, o maior da série iniciada em 2011.
Veículos
O estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoa física recuou 1% de abril para maio, informou o BC. Com isso, o total de recursos para aquisição de automóveis por esse grupo ficou em R$ 175,7 bilhões no mês passado. Nos primeiros cinco meses do ano, a queda nesse tipo de crédito é de 4,6% e, em 12 meses até maio, de 6,6%.
Juro do cheque especial chega a 232% ao ano, maior valor desde 1995
- brasília
As taxas de juros no crédito bancário voltaram a subir em maio, acompanhando o movimento de alta da taxa básica de juros promovido pelo Banco Central. A taxa média do cheque especial fechou o mês passado em 232% ao ano, segundo o BC. Esse é o maior valor registrado desde dezembro de 1995, quando estava em 242% ao ano.
O maior valor registrado pelo BC no custo do cheque especial desde o Plano Real são os 294% ao ano de julho de 1994, início da série histórica da pesquisa mensal de crédito da instituição.
A taxa média de juros no rotativo do cartão de crédito alcançou 360% ao ano. Um ano antes, a taxa estava em 306% ao ano. Essa é a linha mais cara entre as principais modalidades de crédito para o consumo.
Na média, a taxa de juros do crédito ao consumo passou de 48,8% em maio do ano passado para 57,3% ao ano em maio deste ano, de acordo com o BC. O número é novo recorde para a série iniciada em março de 2011.
Estoque
O estoque total de crédito cresceu 0,7% em maio em relação a abril e acumula alta de 10,1% em 12 meses, somando R$ 3,08 trilhões. Na comparação com o PIB, o estoque de crédito avançou de 54,3% para 54,4% entre abril e maio. O porcentual ainda está abaixo do registrado no final do ano passado (54,7%).
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