A Confederação Nacional da Indústria (CNI), representante do empresariado brasileiro, estimou nesta terça-feira (16) que o Produto Interno Bruto (PIB) vá desacelerar em 2009 por conta da crise financeira interncional.
Segundo a entidade, o crescimento econômico deverá ficar em 2,4% no próximo ano, contra a previsão de um avanço de 5,7% em 2008. Ou seja, a taxa de crescimento cairá a menos da metade de um ano para outro, segundo a previsão da CNI.
A projeção da CNI coincide com o que pensa o mercado financeiro. Para os economistas, que foram ouvidos em pesquisas semanais realizadas pelo Banco Central, a economia deverá crescer 2,5% no próximo ano. Antes da crise, a previsão era de 3,5%. Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que chegou a prever um crescimento de 5% para o próximo ano, agora diz que há uma "meta" de 4%.
Crise financeira
A projeção da CNI foi divulgada por meio do documento "A economia brasileira em 2008 e perspectivas para 2009". "O cenário para a economia brasileira mudou radicalmente com a eclosão da crise mundial. Originada na maior economia do mundo, a crise se propagou de forma intensa e contaminou as economias de todos os países", avalia a entidade no documento.
Acrescenta ainda que, como resultado da crise, haverá redução no crescimento mundial e, consequentemente, no Brasil. "O Brasil tem desafios. Primeiro, é restabelecer as condições de crédito, minimizar a volatilidade dos mercados financeiros e evitar a maior retração da atividade. Em outros termos, amortecer os efeitos sobre o consumo das famílias e o investimento", avaliou a CNI.
Segundo análise da CNI, o papel do Estado será "crítico" nessa nova fase. "É essencial um papel mais ativo do estado no provimento da infra-estrutura, com priorização dos investimentos públicos. Mas é necessário afastar o risco fiscal (...) Deve ser preservado o controle dos gastos correntes para possibilitar a redução da carga tributária", diz a entidade, argumentando que essa é uma "condição essencial" para elevação dos investimentos.
Desemprego, demanda e investimentos
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria, o ano de 2009 também será mais difícil para o trabalhador. A estimativa para a taxa de desemprego anual subiu de 7,9% neste ano para 8,2% da população economicamente ativa em 2009.
Para o consumo das famílias, a previsão também é de desaceleração. Em 2008, segundo a CNI, deverá subir 6,1%, valor que, segundo as estimativas da entidade, deverá subir 3% em 2009.
Por conta disso, também são previstos menos investimentos por parte do setor produtivo. A expectativa é de um recuo de +14,4% em 2008 para +3% no próximo ano.