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"Crescimento sustentável está mais para 5%", diz economista do Itaú Unibanco

O crescimento sustentável no Brasil é de cerca de 5%, diz Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, que participou nesta terça-feira (8) de chat do G1 com o tema "O Brasil é a bola da vez da economia?". Para ele, o país crescerá acima disso, cerca de 5%, em 2010, mas depois disso voltará a crescer a taxas menores.

"O crescimento sustentável está mais para 5%. No ano que vem o país vai crescer 5,5%, acima do potencial, mas depois vai acabar voltando", acredita ele.

Para crescer mais, falta resolver alguns gargalos da economia, diz o economista. Além de mais investimentos na infraestrutura e em capacidade de produção, é preciso investir em educação. "É um gargalo se você não tem uma mão- de-obra qualificada. Tem que ter alguém para tocar isso. É o gargalo mais relevante no final. Se você começa a educar hoje, a pessoa vai entrar no mercado daqui a 10 anos."

Goldfajn vê também a possibilidade de inflação maior a partir do final do ano que vem. "Nós hoje temos muitos estímulos na economia, a economia está muito aquecida. A partir do segundo semestre do ano que vem [a inflação] vai subir. Vai ser um problema mais para 2011", diz ele.

Outro "gargalo" do país, de acordo com Ilan Goldfajn, são os gastos governamentais com funcionalismo, por exemplo. "O governo tem que gastar menos, investir mais para aliviar os gargalos. Investir em infra-estrutura, capacidade de produção e na educação. Não tem mão-de-obra qualificada é o gargalo mais relevante no final, pois é o que demora mais para se aliviar."

Longo prazo

Apesar dos problemas que permanecem, como a carga tributária elevada e a burocracia para contratação de funcionários, o economista diz que o Brasil fez parte do "dever de casa" ao longo dos anos, controlando a inflação, estabelecendo o regime de câmbio flutuante e aumentando o nível de reservas do país.

"É o que você faz ao longo do tempo que faz a diferença. Não é algo que se fez hoje, mas o acúmulo de coisas que foram feitas no passado", diz, advertindo que "o que se deixa de fazer hoje, pode afetar daqui a uns dez anos". Logo, diz ele, o fato de o Brasil ter passado bem pela crise, não é somente reflexo das medidas tomadas ao longo deste ano, e sim a soma de medidas de longo prazo.

O economista-chefe do Itaú Unibanco lembrou que outra medida de longo prazo – a que estabeleceu regras duras para o setor bancário nacional nos anos 90 – também ajudou o Brasil a passar de maneira mais serena pela crise financeira. "As regras aqui são mais intensas do que no resto do mundo. Por isso, [o Brasil] se revelou mais forte que o resto da crise."

Estados Unidos

Com a recessão nos EUA, a tendência de enfraquecimento da moeda do país é mundial, de acordo com Goldfajn. "O dólar tem se enfraquecido no mundo porque a economia americana está enfraquecida. Isso afetou inclusive o real. Não necessariamente que eles estejam forçando isso, mas é um resultado da depreciação", ressalta o economista.

Ainda sobre os EUA, o economista disse que a economia do país vai passar por um "teste de estresse" em 2010, à medida que os estímulos do governo forem sendo retirados. "Os estímulos serão retirados no ano que vem. Você deu um empurrão e agora vamos ver se pega no tranco. Os Estados Unidos é o caso mais emblemático por ser o centro da crise. Tem que acompanhar."

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