A crise financeira global deve ser responsável pelo adiamento em dois anos dos investimentos das empresas brasileiras. O cálculo é do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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Pela projeção atual, concluída em abril, a previsão é de que em 2012 a taxa de investimento das empresas chegue a 20,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Em agosto de 2008, antes da quebra do banco Lehman Brothers, a instituição estimava que se chegaria a 20,9% em 2010 - ou seja, dois anos antes.

Apesar da revisão dos números e do desembolso menor do que o esperado, a taxa de investimento de 2009 deve repetir o desempenho de 2008, de 19%, e voltar a crescer em 2010, quando espera-se que chegue a 19,5%. Os cálculos dos economistas da Área de Pesquisas Econômicas do BNDES, Fernando Pimentel Puga e Gilberto Rodrigues Borça Junior, foram feitos com base na demanda de financiamentos junto ao banco até o mês de março e com informações coletadas na empresas.

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De acordo com Puga, a taxa de investimento vai se manter em 19% em 2009, sem se abater tanto pela retração econômica global, pois muitas empresas estavam com projetos em andamento e preferiram concluí-los a deixá-los na gaveta. É o caso da Petrobrás com a aposta na exploração do pré-sal. Petróleo e gás será a área menos afetada pela crise na previsão de investimentos de 2009 a 2012, segundo o BNDES. Os aportes devem bater em R$ 300 bilhões nos próximos três anos.

A segunda maior demanda deve vir das empresas de energia elétrica, com previsão de R$ 141 bilhões em investimentos, seguido por telecomunicações (R$ 78 bilhões), saneamento (R$ 49 bilhões) e petroquímica (R$ 24 bilhões). Em todas essas áreas, os valores mapeados em agosto de 2008 pelos economista do banco são os mesmos apontados em dezembro.

Além disso, muitos setores estão envolvidos com decisões de política pública ou são pressionados pela concorrência ou o avanço tecnológico. É o caso de saneamento, rodovias e das telecomunicações. Este último setor vai contar com novas outorgas do governo, o que vai demandar mais investimentos das operadoras, por conta das novidades da tecnologia 3G.

A construção civil é outra área que contará com um empurrão de política governamental para avançar - no caso, graças ao programa federal "Minha Casa, Minha Vida", de casas populares.

Já os setores mais afetados pela crise, apontam os economistas, serão o automotivo, mineração, sucroalcooleiro, siderurgia, ferrovias, portos e papel e celulose. No caso de papel e celulose, os investimentos foram reduzidos de R$ 27 bilhões, em agosto de 2008, para R$ 9 bilhões, apontados em dezembro do ano passado. "É uma atividade muito ligada à exportação, que tem sofrido com a retração do consumo no mundo", diz Puga.

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O setor com maior participação na demanda por crédito no BNDES é o de comércio e serviços (incluindo as pequenas e médias empresas). No ano passado a taxa de investimento da atividade foi de 7,2%. Em 2009 deve ter a maior queda entre todos os setores e ficar em 6,6% do PIB. "São investimentos mais fáceis de serem postergados", explica Borça.

Também espera-se uma pequena retração na indústria da transformação, de 2,6% para 2,5%. Esse será o setor que, na projeção até 2012, praticamente deve ficar estagnado. A maior alta, no entanto, deve ocorrer nos investimentos em infraestrutura, setor que em 2008 participou com 2% e até o fim do ano deve fechar com 2,7%. Puga avalia: "O estudo mostra que o mundo prossegue. O pior momento foi entre o quarto trimestre do ano passado e o primeiro trimestre deste ano".

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