Com quase dois anos de recessão e um quadro de estagnação nos investimentos, as empresas brasileiras estão apenas mantendo os gastos com inovação. E, no futuro, podem vir a diminuir os porcentuais caso as expectativas pessimistas no cenário econômico se confirmem ao longo dos próximos meses.
Pesquisa da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) mostra que um menor número de companhias lançou novos produtos ou processos no mercado. Segundo o levantamento, a taxa de previsão de investimentos em inovação no curto prazo entre as indústrias entrevistadas atingiu um dos patamares mais baixos desde 2012.
De acordo com dados da ABDI, 48,1% das indústrias declararam ter realizado algum tipo de inovação tecnológica no terceiro trimestre de 2015, número 1,7 ponto porcentual menor do que o observado no período anterior.
A expectativa das companhias em destinar recursos para inovar está em queda desde 2012. Para o quarto trimestre do ano passado, 50,9% dos entrevistados afirmaram ter pretensão de fazer investimentos – o índice, para os primeiros três meses de 2012, era de 64,8%.
Os indicadores de inovação estão diretamente ligados ao nível de atividade econômica do país. Com a redução nas taxas de crescimento, a demanda cai, a produção diminui e as empresas tendem a cortar investimentos. A área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) costuma ser bastante prejudicada, já que os custos com inovação são altos, assim como os riscos de o resultado esperado não ser alcançado.
O presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras e vice-presidente de inovação da Natura, Gerson Valença Pinto, diz que o momento é de cautela para investir, pois as empresas têm sofrido bastante com o aumento de custos e tributos. “Mas, com relação à inovação, ela tem um papel muito importante neste momento de crise”, completa.
Ele diz que programas de médio e longo prazo estão sendo desafiados, mas as companhias que visam crescer estão mantendo investimentos que tragam aumento de produtividade e facilitem a entrada em novos mercados. “Custa caro deixar de investir em inovação”, diz.
O momento é de encontrar os focos de prioridade e o melhor balanço entre investimento de curto, médio e longo prazo.”
O momento é de encontrar os focos de prioridade e o melhor balanço entre investimento de curto, médio e longo prazo.”
Na Natura, 3% do faturamento líquido para investimento em inovação deve ser mantido neste ano. A empresa foca em preservar os custos que tragam competitividade, como melhora nos serviços para as consultoras e novos modelos comerciais. Na metade deste ano, por exemplo, a companhia vai lançar uma loja multicanal em São Paulo, que integrará as experiências de compra off-line e on-line.
Projetos não devem parar
Especialistas são contundentes ao defender que os investimentos inovação devem ser mantidos, mesmo em um cenário econômico adverso. O gerente do Centro Internacional de Inovação do Senai no Paraná, Filipe Cassapo, explica que as companhias precisam se preparar para a retomada do crescimento, bem como agregar valor aos clientes já existentes.
Novos mercados
Um dos caminhos para inovar é buscar novos mercados. Segundo o presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras, Gerson Valença Pinto, o momento é adequado para buscar o mercado exterior. Para conseguir bons resultados, as empresas precisam manter os investimentos em inovação para competir globalmente.
O presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras, Gerson Valença Pinto, diz que projetos de inovação pedem continuidade e não devem ser interrompidos.
Uma empresa que seguiu as recomendações e conseguiu sentir menos os impactos da crise é a Dublauto Gaúcha, que fabrica produtos da área têxtil para calçados. Os investimentos em projetos de inovação começaram em 2006, quando a indústria sofreu com a entrada dos produtos chineses no mercado.
Para garantir um diferencial competitivo, a indústria do Rio Grande do Sul investiu em nanotecnologia aplicada aos tecidos de calçados. As pesquisas garantiram nove patentes à fábrica, que ampliou sua linha de produtos. Hoje, essa nova linha corresponde a 30% do faturamento, que foi de R$ 5 milhões em 2015.
“A inovação é lenta. As pesquisas são caríssimas e há o desafio de repassar as vantagens para o consumidor final, que tem que perceber e pagar mais por isso”, diz Evandro Daniel Wolfart, diretor da Dublauto. Neste ano, a empresa pretende vender seus produtos tecnológicos a países da América do Sul – mais uma forma para contornar a crise.
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