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Análise

Crise é grave e tem grande potencial de estrago, diz presidente do BNDES

O presidente do BNDES disse que a crise pode desacelerar o crescimento do Brasil em 2009, mas "devemos passar por ela sem dificuldades" | Valter Campanato/Agência Brasil
O presidente do BNDES disse que a crise pode desacelerar o crescimento do Brasil em 2009, mas "devemos passar por ela sem dificuldades" (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Entenda a crise, suas conseqüências e as previsões para o futuro do mercado financeiro |

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Entenda a crise, suas conseqüências e as previsões para o futuro do mercado financeiro

O presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou nesta sexta-feira que a crise financeira internacional é muito grave e tem o potencial de ser maior do que a de 1930. "Isso poderia ocorrer em função da integração das economias de mercados internacionais", disse. Contudo, ele ressaltou que espera que os desdobramentos que estão ocorrendo na economia e, sobretudo na dos Estados Unidos, não cheguem tão longe como em 1930, que causou recessão mundial.

Coutinho afirmou que apesar da crise internacional, o Brasil apresenta fundamentos macroeconômicos sólidos e tem condições de superar as dificuldades que vêm sendo registradas na economia internacional no curto e médio prazo. "Temos US$ 200 bilhões de reservas internacionais, aumentamos o superávit primário (economia que o governo faz para pagamento de juros da dívida), o País já é grau de investimento e apresenta uma velocidade importante de expansão para os investimentos, quase duas vezes e meia superior ao ritmo do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que já é expressivo", afirmou.

O presidente do BNDES disse ainda que a crise pode desacelerar o crescimento do Brasil em 2009, mas "devemos passar por ela sem dificuldades"

Financiamento

Segundo Coutinho, em função da crise financeira internacional, a instituição poderá aumentar de forma transitória o aporte de financiamentos para investimentos das empresas. Ele destacou que normalmente os investimentos no Brasil são financiados da seguinte forma: 1/3 por capital próprio das empresas, 1/3 pelo BNDES e 1/3 pelo mercado de capitais.

"Trata-se de uma situação temporária que, não podemos dizer, (tem) um prazo definido. O que podemos dizer é que na atual conjuntura internacional, onde há dificuldades para oferta de crédito, nós vamos fazer um esforço para prover recursos às empresas a fim de manterem o elevado nível de investimentos do País, o que é essencial para nosso desenvolvimento.

Coutinho frisou que os desdobramentos da crise financeira das hipotecas de segunda linha (subprime) nos EUA diminuíram de forma sensível alguns mecanismos de financiamento a que empresas brasileiras tinham acesso até recentemente como a realização de IPOs em bolsa de valores. Neste contexto, ele afirmou que a crise internacional pode ser uma oportunidade para o Brasil redefinir as formas de financiamento para investimentos de longo prazo.

O presidente do BNDES disse que, no passado, quando havia uma crise severa, isso atingia de forma substancial o balanço de pagamentos do Brasil, o que reduzia os financiamentos externos para a economia do País. E destacou: "Talvez possamos reavaliar, a partir desta crise, uma nova forma de gerar os investimentos necessários para que o País continue crescendo bem, com maior participação dos empréstimos domésticos, inclusive com maior atuação do setor privado.

As declarações do presidente do BNDES foram feitas, na manhã de hoje, em Campinas, em evento que celebrou os 40 anos do Instituto de Economia da Unicamp.

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