A investigação do esquema de corrupção na Petrobras deve afetar negativamente partes dos setores público e privado, mas o suporte do governo deverá evitar o impacto no crédito, de acordo um relatório da agência Moody’s, divulgado nesta segunda-feira (9).
O documento ainda informa que os problemas da estatal poderão afetar a produção de petróleo e gás no país, setores de construção e infraestrutura, assim como o setor imobiliário no Estado do Rio de Janeiro e as empresas que dão suporte a estes setores.
“Preços baixos do petróleo devem intensificar a deterioração na posição de liquidez da Petrobras no médio prazo”, afirma Marianna Waltz, diretora-gerente da Moody’s.
“Também deverão espalhar efeitos negativos para o restante da cadeia de abastecimento, enfraquecendo o desempenho financeiro e operacional dos navios que são parte do esforço vital de produção offshore da Petrobras.”
A Moody’s ainda afirma que, para conter o enfraquecimento, a estatal brasileira implementou cortes de gastos que também terão implicações amplas para uma variedade de setores, incluindo finanças públicas do Estado do Rio de Janeiro, como a queda na arrecadação tributária e nos royalties do petróleo.
Bancos públicos
Para a empresa de classificação de risco, diante da influência da Petrobras sobre a economia, o governo federal provavelmente estará inclinado a dar suporte financeiro para a empresa, embora não esteja claro se poderá reunir o montante suficiente para evitar o “default”.
“Uma deterioração significativa na sua qualidade de crédito colocaria o setor bancário brasileiro, mercados domésticos de capitais e a economia como um todo em risco”, afirma Waltz.
A Moody’s, que rebaixou a nota de crédito da Petrobras na última semana de fevereiro, diz não esperar que o suporte do governo para a Petrobras leve a dívida soberana a ultrapassar 70% do PIB, sob qualquer cenário. As implicações para o soberano poderiam depender, principalmente, da credibilidade da resposta das políticas econômica e fiscal do governo.