O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Brasil se manterá na rota de crescimento sustentado, apesar do agravamento da crise financeira internacional e da forte queda da Bovespa nesta segunda-feira (15).
O ministro também afirmou que a inflação em 2008 ficará dentro da margem da meta, e que as reservas internacionais dão nova resistência para enfrentar a crise nos Estados Unidos. "O Brasil já estaria de quatro em outra situação, estaria de joelhos. Aquela correria que havia no passado não há mais", ressaltou.
Os mercados reagem à notícia de que o Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, pedirá concordata, após ver fracassadas as negociações para a venda no final de semana.
O Lehman Brothers informou que seu conselho de administração autorizou o pedido de concordata a fim de proteger seus ativos e maximizar seu valor. A decisão, embora considerada inevitável, terá grandes conseqüências e pode provocar novas turbulências no sistema financeiro americano.
O banco anunciou que nenhuma de suas subsidiárias de corretagem de valores ou outras subsidiárias da holding serão incluídas no pedido de proteção do Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA, e que todas vão continuar operando normalmente.
Retomada das compras
O ministro da Fazenda insistiu, no entanto, que em algum momento os investidores perceberão que alguns ativos brasileiros estão baratos e retomarão as compras, o que recolocará a Bovespa em patamares mais elevados.
"Não devemos nos impressionar com um ou dois dias (de queda na bolsa). E o problema é lá, não aqui", disse Mantega, após palestra em São Paulo. "É atural que o mercado de renda variável reflita esse nervosismo internacional."
Custo de vida
Mantega também comentou que a forte desvalorização do real frente ao dólar não deve trazer consequências para a inflação uma vez que a queda acentuada dos preços das commodities tem neutralizado a valorização da moeda norte-americana.
Mantega também disse que não há medidas adicionais sendo pensadas pelo governo para serem implementadas de imediato. "Do ponto de vista da inflação, a questão está equacionada. No momento, não há nenhuma medida no forno, o Copom acabou de aumentar em 0,75 (ponto percentual a Selic). Já está de bom tamanho."
Crescimento
Durante palestra promovida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ministro reafirmou que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre foi muito favorável e indica que o Brasil crescerá em 2008 entre 5% e 5,5%.
A crise financeira nos mercados internacionais deve levar uma pequena desaceleração no ritmo de atividade da economia do país, mas ainda assim Mantega acredita que o PIB de 2009 poderá crescer 4,5%.
"Eu ouso dizer que o Brasil continuará num ciclo de crescimento sustentável. O governo está apostando na continuação do ciclo de crescimento", afirmou.