Antes mesmo de o caos instalar-se em Wall Street e jogar os Estados Unidos na mais grave crise econômica desde a Grande Depressão, em 1930, alguns veteranos políticos americanos diziam em tom de blague, que não entendiam por que alguém desejaria ser presidente do país. A complexidade da tarefa de governar os EUA do início da semana passada - um país cada dia mais endividado, desprestigiado no mundo, dividido e paralisado internamente - aumentou geometricamente depois que o pânico tomou conta do mercado de capitais e forçou Washington a desencadear a maior intervenção do Estado na economia em quase 80 anos.
A exemplo de George W. Bush, os senadores Barack Obama e John McCain, que disputarão o direito de sucedê-lo em menos de seis semanas, não previram o cataclisma que se aproximava. Naturalmente, ambos reagiram procurando tirar o melhor proveito político imediato da crise. Trata-se, no entanto, de uma crise que eles próprios e seus assessores econômicos ainda tentam compreender e - isso eles sabem perfeitamente - limitará dramaticamente a capacidade de ação de quem receber do povo americano em 4 de novembro a temerária incumbência de governar o país e administrar a massa falida.
Com as autoridades federais debruçadas neste fim de semana na elaboração dos detalhes de um projeto de lei de emergência para nacionalizar centenas de bilhões de dólares de ativos podres do sistema financeiro e regulamentar o setor, numa decisão que marca o início de uma mudança histórica do papel do Estado no capitalismo americano, Obama e McCain não deram nenhuma indicação de que suas plataformas eleitorais tornaram-se subitamente obsoletas e é improvável que o façam nas semanas de campanha que restam, até porque talvez ainda não se tenham dado conta disso. "Nenhum dos dois fez a conexão entre o vendaval em Wall Street e a mudança ocorrida no contrato social americano durante a última geração que expôs a classe média mais diretamente aos efeitos dessas tormentas", observou Ronald Brownstein, no National Journal, referindo-se à forte transferência da responsabilidade pelo manejo do risco financeiro - do governo e das empresas para os indivíduos e as famílias - que ocorreu com a desregulamentação da economia nos últimos 25 anos.
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