BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quinta-feira que é contrário à recriação da CPMF, proposta que está sendo estudada pelo governo como uma das alternativa para enfrentar a queda na arrecadação de impostos. Para Cunha, nem quando o governo tinha uma base mais consistente e a economia mais forte, conseguiu aprovar a medida. O presidente disse que “problema de caixa” não se resolve com aumento de impostos, que acredita que a ideia não terá amparo na Câmara e avisa que o governo poderá sofrer um desgaste grande sem colher os frutos.
“É um tema negativo para o governo. O governo terá um desgaste neste debate de tal natureza, sem colher resultados, não sei se vale a pena para ele.”
Em 2007, até apoiei (a recriação), mas o Senado derrubou. Depois, se tentou criar através de lei complementar uma contribuição semelhante à CPMF, com valor menor, e não se conseguiu ter votos no momento em que o governo tinha uma base muito forte e a economia estava melhor que hoje”, disse Cunha. “Acho pouco provável a gente querer resolver o problema de caixa achando que nós temos que cobrar mais da sociedade em impostos. A solução é a retomada da confiança para a retomada da economia. Não aumentar a carga tributária do contribuinte.”
Renan
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também disse ser contra uma eventual volta da CPMF, proposta em discussão no governo. “Tenho muita preocupação com aumento de imposto, aumento da carga (tributária). O Brasil não está preparado para voltar a conviver com isso”, disse Renan, referindo-se ao tributo, cuja extinção foi aprovada pelo próprio Senado em 2007.
Segundo Renan, o país atravessa uma crise econômica profunda e qualquer decisão nesse sentido pode agravá-la, aumentando o desemprego e a retração da economia. O presidente do Senado defendeu “muita prudência” nessa discussão.
O senador também disse que o momento para se discutir uma eventual elevação da carga na tributação será quando o país retomar seu ciclo de crescimento. “Com a economia em retração, (aumentar impostos) é um tiro no pé”.