Wellington e Priscila, sócios da Eruga: aposta na educação 3.0.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Com um olho na juventude brasileira e outro na tecnologia, quatro profissionais curitibanos se reuniram para criar uma empresa com soluções para transformar o aprendizado nas escolas e permitir que o ensino finalmente fale a mesma língua dos estudantes, apostando na educação 3.0. Fundada em 2013 por Wellington Moscon, sua esposa Priscila, e os sócios Alex Werner e Marco Vieira, a Eruga leva a realidade aumentada (RA) para o meio educacional e, por meio de conteúdo interativo e gamificação, transporta conteúdos complexos para o mundo digital.

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Desenvolvimento

Por meio de uma parceria com a Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista), a equipe da Eruga deve explorar seu DNA educacional também na formação de novos profissionais na área de desenvolvimento de aplicativos de realidade aumentada. A ideia é aumentar a mão de obra especializada no país e também absorver profissionais para atuar na criação de novas soluções da startup.

Semelhança com jogo ajuda a despertar o interesse dos alunos

Com a inclusão das soluções digitais no material didático, a ideia das escolas é que os alunos utilizem o recurso de realidade aumentada não só em sala, mas principalmente em casa, fazendo exercícios e se familiarizando com assuntos antes de serem dados pelo professor. Para impulsionar isso e prender a disputada atenção dos estudantes, a Eruga recorreu à estratégia da gamificação, na qual o aluno tem seu próprio personagem dentro do jogo, e pode avançar etapas e ganhar pontos conforme explora o conteúdo e responde a perguntas de um quiz com questões semelhantes às do Enem ou das avaliações da escola.

“O ambiente escolar e a forma como a educação está acontecendo são chatos. Estamos concorrendo com videogame. O conteúdo tem que ser atrativo e prender a atenção do aluno. A maior surpresa foi quando um menino de 4 anos experimentou os conteúdos em realidade aumentada e disse que era muito mais legal que Minecraft [game em que o jogador pode construir usando blocos]”, conta o empresário Wellington Moscon, com uma ponta de satisfação.

Ao mesmo tempo em que diverte os jovens, a plataforma foi pensada também para os professores, que recebem um feedback das atividades, erros e acertos do aluno, o que ajuda a preparar as aulas e medir o aprendizado e as dificuldades de cada um.

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Por meio de um smartphone, tablet ou smart glass (óculos inteligente), o aluno vê em três dimensões o conteúdo do livro didádico. Para aprender sobre o sistema solar, por exemplo, ele pode comparar o tamanho dos planetas, colocá-los na ordem correta e observar sua órbita. “Queríamos oferecer um aprendizado diferente por meio de tecnologia com significado. É uma demanda que tem vindo dos alunos e tem grande potencial para atualizar e melhorar o sistema educacional no país”, diz Moscon, diretor da empresa.

Com investimento inicial em torno de R$ 100 mil de capital próprio dos sócios, no último ano a Eruga passou por dois períodos de aceleração, na Artemisia, aceleradora paulistana focada em negócios de impacto social, e na Wow, em Porto Alegre, onde recebeu mais um aporte de R$ 150 mil.

Clientes

Em dois anos de atividade, a empresa já conta com clientes como Editora Positivo, Senai e Rede Salesiana. A previsão é de um faturamento de R$ 2 milhões em 2015, com 15 mil estudantes usufruindo da tecnologia. Com 110 escolas, a Rede Salesiana deve oferecer a solução, chamada “O porquê das coisas”, para 20 mil alunos até 2017.

Além dos ensinos médio e fundamental, a empresa desenvolve produtos em RA para escolas de idioma, com exercícios e conteúdos interativos, e ensino técnico, no qual o aluno pode gerar protótipos, testar materiais e fazer uma simulação em tamanho real.

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“Queremos quebrar a abstração do ensino e ensinar com problemas do dia a dia, por meio de uma experiência completa, na qual o aluno visualiza e interage com o objeto de estudo, além de alcançar a tão falada transdisciplinaridade”, explica o empreendedor.

Parceria

Pioneira no Brasil, a solução criada pela empresa curitibana chamou a atenção da japonesa Epson, fabricante de equipamentos de informática, com quem firmou no início deste ano uma parceria de exclusividade no fornecimento de soluções educacionais.

Com isso, o produto da startup passou a ser integrado ao óculos Moverio BT-200, que o aluno pode vestir para ter acesso à RA, utilizando seu smartphone como controle.