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POLÍTICA MONETÁRIA

Custo do crédito sobe de forma lenta

A nova taxa Selic definida ontem interrompe uma fase inédita de redução dos juros na economia e terá impacto na vida de todas as famílias. No processo de alta, cujos efeitos são sentidos com alguns meses de atraso, subirão os custos para empréstimos, o real tende a ficar valorizado por mais tempo diante do dólar e muita gente será tentada a mudar de investimento nos bancos.

As mudanças, porém, serão lentas. Um exemplo está no custo do crédito ao consumidor. Levan­tamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que o juro médio dos empréstimos para pessoa física deve aumentar 0,9% em média, enquanto as linhas de crédito para empresas encarecem 1,7% com a decisão do Copom.

A taxa Selic é o índice que baliza o custo do dinheiro que os bancos administram. Quando ela sobe, em tese se torna mais caro para as instituições financeiras emprestarem dinheiro. Mas a alta desta vez será parcialmente compensada por outros fatores. Na avaliação do economista da Anefac Miguel Ribeiro de Oliveira, o Banco Cen­tral fará um ciclo de aperto curto, o que se soma a uma inadimplência em queda e o comprometimento de bancos públicos em não encarecer o crédito.

"O BC já elevou o compulsório dos bancos em fevereiro. Já era para termos sentido os efeitos disso na forma de encarecimento em março, mas não ocorreu. O sistema financeiro está mais competitivo", diz Oliveira. "Além disso, a crise voltou a se intensificar na Europa, há economias que continuam encolhendo no mundo. Aqui no Brasil o compasso é de crescimento controlado, por isso não percebo motivos para o Banco Central ser agressivo, e sim de agir gradativamente e com parcimônia", completa.

O professor de Gestão Finan­ceira da Faculdade Veris IBTA Fabrício Pessatto avalia que o BC não será forçado a uma elevação muito forte na Selic para controlar os preços, o que limita o impacto da alta. De acordo com ele, o que mais pressionou a inflação nos primeiros meses de 2010 foram os preços administrados, como telefone. "Já estamos vendo os indicadores de inflação arrefecendo, há sinais de que o BC vai segurar na dose", diz.

Outro efeito prático da mudança na tendência da Selic é a pressão negativa sobre o dólar. Como o Brasil continua participando do topo dos maiores juros reais do mundo, um aumento na taxa deve injetar capital estrangeiro no país, valorizando o real. "O cenário de crise na Europa contribui para essa entrada de capital, afinal o Brasil é um investimento seguro", comenta Pessatto. Mudanças também acontecem no mercado de investimentos, pois fundos DI, Tesouro Direto e CDBs voltam a ganhar mais rentabilidade frente à poupança.

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