Disposta a polarizar ainda mais o debate sobre o impacto da crise nos empregos, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) vai pisar no calo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pedirá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a isenção temporária de uma outra contribuição que incide sobre a folha de pagamento das empresas: o Sistema S.
Com alíquotas que variam de 1% a 3%, as contribuições ao Sistema S são descontadas regularmente das empresas e repassadas a entidades dedicadas ao treinamento e ao lazer dos empregados. No ano passado, o Sistema S - que inclui 11 entidades, entre elas Sesi, Senai, Senac, Sesc, Sebrae, Senar, Senat e Sest - arrecadou cerca de R$ 18 bilhões.
"Esse dinheiro é do trabalhador e é gerido pelos empresários, sem nenhuma transparência ou divulgação de prestação de contas", sustenta um dos membros da diretoria da CUT.
O oferecimento de cursos gratuitos pelas entidades do Sistema S é um dos pilares da proposta que a Fiesp e a Força Sindical pretendem aprovar para combater a crise, que inclui também a redução da jornada de trabalho associada à diminuição de salários e a suspensão temporária dos contratos de trabalho.
A CUT não ficou parada enquanto via a Força Sindical se articular com a Fiesp e arregimentou o apoio da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) e das Federações das Indústrias do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro - Fiergs, Firjan e Fiemg. Ao longo dessa semana, a CUT vai se mobilizar para chamar as Federações e Associações Comerciais para o seu lado.
"Muitas empresas têm posição diferente da da Fiesp. Esse é o momento de enfrentar a crise com propostas que gerem empregos e renda. Se não houve mudanças nas premissas desse acordo, seremos totalmente contra as medidas propostas pela Fiesp e pela Força", disse o presidente da CUT, Artur Henrique. Para ele, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, teve que recuar na semana passada por pressão dos sindicatos da base da Força.
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