O Brasil registrou em setembro déficit em transações correntes de 2,311 bilhões de dólares, menor que o saldo negativo de 2,761 bilhões de dólares um ano atrás mas bem acima dos cerca de 800 milhões de dólares de agosto.
O relatório, divulgado pelo Banco Central nesta sexta-feira, mostrou que, na comparação com 2008, números positivos na conta financeira e de capital ofuscaram dados comerciais mais fracos.
A conta financeira e de capital foi superavitária em 7,192 bilhões de dólares no mês passado, fazendo com que o resultado global do balanço de pagamentos fosse também positivo, em 4,882 bilhões de dólares.
"No mês, destacaram-se os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros em carteira, de 6,8 bilhões de dólares", salientou o BC em nota.
"Os investimentos em ações e em títulos de renda fixa, ambos negociados no país, apresentaram ingressos líquidos de 6,9 bilhões de dólares." O período antecedeu a decisão do governo de taxar esse tipo de investimento externo com alíquota de 2 por cento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Em outubro, até esta sexta-feira, os investimentos estrangeiros em ações negociadas no Brasil somam 8,761 bilhões de dólares, segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. A cifra, se comparada a meses fechados, é a mais alta da série histórica, iniciada em 1947.
"Antes, você não tinha nenhum ingresso dessa magnitude.... É óbvio que vamos ter que aguardar os resultados finais do mês para ver se isso se confirma", disse. "Nós vemos aqui uma concentração expressiva, nós temos uma operação de IPO importante, que está contemplada aqui. Parte disso foi no mercado doméstico e parte no exterior."
No início do mês foi concluída a oferta inicial de units do Santander, que movimentou 8 bilhões de dólares.
O BC também notou "acomodação expressiva" nas remessas de lucros e dividendos, que somaram 1,51 bilhão de dólares em setembro ante 3,44 bilhões de dólares em igual período de 2008.
Em 12 meses até setembro, o déficit em transações correntes correspondeu a 1,23 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ante déficit de 1,28 por cento do PIB em 12 meses até agosto.
Para outubro, a expectativa do BC é de déficit em transações correntes de 2 bilhões de dólares.
Investimento direto
"O ingresso para o mercado de ações é bem mais expressivo (do que renda fixa) e isso denota simplesmente o comportamento da própria economia... A tendência é positiva. Acho que o balanço de pagamentos como um todo mostra sinais bastante positivos seja para o mercado de capitais, investimentos em portfólio, seja para investimento direto", disse Altamir Lopes.
No mês passado, no entanto, os investimentos estrangeiros diretos no país caíram para 1,816 bilhão de dólares. Em setembro de 2008, esses investimentos foram de 6,241 bilhões de dólares.
O BC estima para outubro que esses investimentos sejam de 1,7 bilhão de dólares, sendo que 1,3 bilhão de dólares já foram contabilizados até esta sexta-feira.
"O investimento estrangeiro está dentro da expectativa... Neste mês tivemos 1,8 bilhão de dólares... esse número só não foi melhor por força de uma operação isolada, um pouco atípica eu diria, uma operação de uma empresa do setor de alimentos e bebidas que adquiriu papéis da sua controladora no exterior, da ordem de 1 bilhão de dólares", explicou Altamir Lopes.
"O investimento direto continua fluindo normalmente. Devemos fechar dentro da nossa projeção de 25 bilhões de dólares para 2009."
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