A denúncia contra o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, ocorre em meio ao processo de sucessão no comando do segundo maior banco privado do país. Pelo estatuto da instituição, os executivos devem se aposentar aos 65 anos, idade que o atual presidente irá atingir em outubro deste ano. Até março de 2017 o Conselho de Administração deve indicar um novo nome para sucedê-lo.
Um executivo do setor financeiro ligado ao Bradesco afirmou que, por enquanto, esse rito dificilmente será alterado. “Não deve ter antecipação [da sucessão]. Trabuco não é um funcionário que entrou no banco ontem. Toda a carreira dele está ligada ao histórico do banco. Não vejo um movimento do conselho para abreviar ou prejudicar a sua carreira”, disse, sob a condição de anonimato.
O nome mais cotado para suceder Trabuco no cargo era o de Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Seguros, que morreu em novembro em um acidente de avião. Curiosamente, Trabuco também comandava a seguradora do grupo no momento da indicação para a presidência do Bradesco. Ele assumiu o cargo em março de 2009, substituindo Marcio Cypriano.
Mesmo que a Operação Zelotes não mude os prazos para a sucessão no Bradesco, o episódio afeta a imagem do banco, especialmente no que diz respeito à governança da instituição, já que o Conselho de Administração costuma ter participação ativa na gestão e controla tudo “com lupa”. A avaliação é do consultor Luiz Marcatti, sócio da consultoria Mesa Corporate, especializada em governança. Para ele, será necessária uma ação rápida e assertiva do banco para reverter a insegurança causada pelo processo.
“O banco é uma instituição que depende de credibilidade. Para os grandes investidores do Bradesco o caso pode despertar uma certa insegurança. O Conselho terá que tomar alguma atitude”, diz Marcatti, lembrando o caso do BTG, em que o CEO André Esteves foi investigado na operação Lava Jato, preso e depois afastado do comando pelo conselho.
O atual presidente do conselho do banco é Lázaro Brandão e, Trabuco, o vice.
Para Marcatti, a sucessão de Trabuco na presidência do banco também deverá apresentar alguma turbulência. O consultor questiona como o mercado deverá receber um nome indicado pelo atual presidente. A única coisa certa é que, pela tradição do Bradesco, o escolhido será um dos atuais vice-presidentes. Diferente de outras instituições, o banco tem como praxe prestigiar os executivos de carreira.
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