Uma nova safra de startups está tentando tornar obsoletos os postos de gasolina. Nos Estados Unidos, vários serviços já oferecem um delivery de combustíveis acionado por aplicativos em celulares.
Filld, WeFuel, Yoshi, Purple e Booster Fuels começaram a operar em algumas cidades, em especial no Vale do Silício. Seu primeiro desafio é convencer as autoridades de alguns desses lugares, que dizem ser inseguro dirigir por aí um caminhão para entregar gasolina.
“Não é permitido”, disse o tenente Jonathan Baxter, do departamento de incêndio de São Francisco. Ele pede aos moradores que chamem os bombeiros se virem o caminhão de uma dessas startups.
Yoshi, que opera em São Francisco, ficou surpresa com a preocupação de Baxter. “Nós não conversamos com eles. Não sei nada a respeito. É novo para mim”, disse o co-fundador da empresa Nick Alexander. No dia seguinte, ele disse que acreditava que a Yoshi segue a lei e que limitou o tamanho dos tanques dos caminhões para ficarem abaixo do permitido pelo código de prevenção de incêndios.
O departamento de incêndio de Los Angeles está preparando uma regra para o delivery de gasolina. “Nosso código atual não permite essa atividade; entretanto, estamos estudando uma forma de permiti-la com algumas restrições”, disse o capitão Daniel Cury. “É só uma dessas coisas sobre as quais ninguém pensou antes, da mesma forma que o Uber apareceu do nada.” É, segundo ele, uma zona cinzenta: “Tudo que posso dizer é que não é permitido por nosso código atual”.
Bruno Uzzan, CEO da Purple, que tem sede em Los Angeles, disse que sua empresa está em tratativas com o departamento de incêndio. “Não conheço esse cara”, disse em referência a Curry. Perguntado se a companhia deixaria de entregar combustível, ele disse: “Não. Por que nós deveríamos?” Mais tarde, Uzzan disse que a empresa trabalha dentro das normas do código atual.
Negócio
A venda de combustíveis nos EUA é um grande negócio. Em 2014, 10,5 mil postos de gasolina venderam US$ 534 bilhões em gasolina, segundo o Census Bureau. Juntos, os postos lucraram US$ 66,6 bilhões, após pagarem os custos da compra de gasolina.
As startups têm geralmente duas intuições sobre o negócio. Primeiro, que ter um caminhão é mais barato do que ter um posto de gasolina. Segundo, quanto mais eles venderem, menos terão de pagar por um litro de gasolina. Filld CEO Chris Aubuchon, um ex-investidor de capital de risco, disse que sua companhia compra e equipa um caminhão com US$ 50 mil, comparado ao custo de US$ 2,25 milhões de um posto de gasolina. Filld cobra US$ 5 de taxa para fazer o delivery e cobra o menor preço dos postos que se encontram na região atendida.
As empresas ainda estão testando o melhor modelo de negócios. Os clientes da Purple podem abrir o aplicativo da empresa e pedir gasolina em uma hora, e seus motoristas são pessoas sem uma certificação especial. A Filld opera 24 horas por dia, mas pede para seus clientes agendarem a entrega através do aplicativo pelo menos com algumas horas de antecedência. Eles empregam motoristas com o certificado Hazmat. Ambas entregam em áreas residenciais, enquanto Yoshi e Booster focam em abastecer carros em estacionamentos comerciais. Os caminhões da Yoshi são similares ao da Filld: picapes grandes dirigidas por profissionais. A Booster só aceita pedidos de trabalhadores durante o expediente e tem motoristas profissionais.
“O valor dos terrenos na cidade está subindo e os postos de gasolina estão se tornando cada vez mais raros”, argumentou Aubuchon. “Esta é uma inovação para a indústria.”
Empresas de construção, fazendeiros e até casas isoladas já compram grandes quantidades de diesel e gasolina. Mas andar com centenas de litros de combustível em áreas residenciais para encher o tanque dos carros das pessoas enquanto elas dormem é algo novo.
“Aqueles tanques grandes, carregando muito combustível para serem eficientes, causam realmente uma explosão enorme quando se há algum acidente”, disse Aubuchon. “O tamanho dos nossos tanques é muito menor, e nós temos muitos deles. Teríamos que ter uma centena de nossos caminhões juntos para causar o mesmo dano.”