O dólar fechou em queda nesta sexta-feira, 25, permanecendo abaixo de R$ 4, e terminou uma semana marcada por extrema volatilidade com uma leve alta de 0,44%, com a atuação do Banco Central interrompendo uma onda de pânico que assolou o mercado em meio a um quadro local difícil.
O dólar recuou 0,39% no dia e fechou em R$ 3,9757 na venda, após ter atingido máximas históricas nos últimos dias. Na véspera, o dólar havia caído 3,73%, a maior queda diária desde o fim de 2008, após ter atingido R$ 4,1461 na quarta-feira, 23, máxima histórica da moeda.
O contrato de dólar para outubro, que havia ampliado ainda mais as perdas após o fechamento do mercado à vista na véspera, subiu 0,85% nesta sessão.
“O mercado está mais tranquilo, mas não dá para agir como se o pior tivesse ficado para trás. Houve exageros, eles foram corrigidos e agora a política e a economia voltam ao centro das discussões”, disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
O BC realizou nesta sessão leilão de venda com compromisso de recompra de até US$ 1 bilhão, operação conhecida como leilão de linha, e dois leilões de novos swaps cambiais, vendendo em cada um a oferta total de até 20 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.
No leilão de linha, o diferencial ficou em 12,33 pontos. O BC passou a divulgar o resultado dessas operações dessa forma, em lugar de publicar a taxa de corte.
Dessas três intervenções, duas foram anunciadas após o fechamento dos negócios na sessão passada. Mas o BC também anunciou um dos leilões de swap nesta manhã, logo após o dólar atingir a máxima da sessão.
Questionado sobre a possibilidade de usar as reservas internacionais para intervir no câmbio, o presidente da instituição, Alexandre Tombini, afirmou na quinta, 24, que “todos os instrumentos estão à disposição do BC”. A declaração desencadeou forte ajuste na taxa de câmbio, corroborada perto do fim da sessão pelo anúncio de um programa de venda e compra de títulos públicos pelo Tesouro Nacional.
O operador de um banco internacional avaliou que a estratégia do governo é deixar claro que “se o mercado quer comprar, ele está lá para vender” e corrigir desequilíbrios no mercado.
No fim da manhã, a autoridade monetária também deu continuidade à rolagem dos swaps que vencem em outubro, vendendo a oferta total de até 9,45 mil contratos. Com isso, já rolou ao todo o equivalente a US$ 8,064 bilhões, ou cerca de 85% do lote total, equivalente a US$ 9,458 bilhões.
A sessão também foi marcada por volatilidade, embora um pouco menos intensa do que nos últimos dias. O dólar chegou a subir 0,44% na máxima, a R$ 4,0088, e recuar 2,69% na mínima, a R$ 3,8841.
Esse movimento foi identificado por operadores como uma “queda de braço” entre o mercado e o Banco Central. “O mercado peita e o BC responde, e isso se repete. A volatilidade está muito alta, não dá trégua”, disse o operador, na condição de anonimato.
A atuação do BC se sobrepôs completamente ao cenário externo, onde a perspectiva de que os juros devem subir ainda neste ano nos Estados Unidos elevava o dólar em relação a uma cesta de divisas. Essa perspectiva foi reforçada por declarações da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, e pelos dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no segundo trimestre.