Mesmo com a Copa do Mundo, a hotelaria independente de Curitiba fechou 2014 com taxa média de ocupação em 40%, um desempenho pior do que o ano anterior, em que o índice havia chegado a 55%. Para 2015, as perspectivas são ainda piores, diante da crise econômica e o ritmo fraco dos negócios. Apoiada nos eventos e viagens corporativas, a hotelaria fora das grandes redes vai precisar se ajustar a um movimento minguado. De acordo com os Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas (IEVC), 61,5% das 1,1 mil empresas pesquisadas farão redução de seus gastos com viagens de negócios. Outros 23% pretendem manter o mesmo patamar das despesas que realizaram no ano passado.

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O IEVC é formado por resultados de diferentes segmentos que compõem o setor: passagens aéreas, hospedagem, locação de veículos, alimentação, agenciamento e tecnologia. Em 2014, a receita total aumentou 9,02%, com crescimento real de 2,2%. O cenário mais otimista projetado pelos analistas para este ano é de um faturamento 8,15% maior, sob uma inflação de 6,5%, o que vai gerar um indicador recessivo do setor, com crescimento real na ordem de 1,55%.

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A projeção é uma ameaça à saúde financeira das empresas, já bem comprometida com os resultados do ano passado. “Depois da ocupação 100% durante os quatro dias de jogos da Copa, o movimento foi muito ruim. Não conseguimos recuperar os investimentos feitos para receber o Mundial”, conta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Paraná (ABIH-PR), Henrique Lenz César Filho.

Cinco meses sem Deville Rayon

Depois de cinco anos e meio sob a bandeira da rede Deville, o Hotel Rayon encerrou as atividades em 30 de novembro de 2014. A administradora não comenta o fim das operações. Na avaliação de Henrique Lenz César Filho, da ABIH, o fim do Rayon é um triste sintoma da crise hoteleira da cidade. “Perdemos hotéis importantes, inclusive de redes internacionais, como o Crowne, nos últimos anos”, lamenta. No mercado, a informação é de que o edifício do Rayon será transformado um condomínio comercial.

Nem mesmo a diária média de Curitiba, entre R$ 130 e R$ 210, uma das mais baixas do país de acordo com a entidade, conseguiu manter a ocupação após o evento. Lenz César lembra que a indefinição sobre a realização da Copa deu apenas dois meses de trabalho para o setor de turismo divulgar o destino. As férias de julho, engolidas pela competição, acabaram anuladas no calendário hoteleiro, que também sofreu com o período pré-eleitoral. “Fomos nos recuperar no Natal. Mas ainda assim foi insuficiente”, diz.

Com a vocação para o turismo de negócios comprometida pelo cenário econômico, os empresários do setor procuram apoiar os eventos científicos-culturais realizados na cidade. O presidente do Curitiba Convention Visitors Bureau (CCVB), Adonai Arruda Filho, conta que o número de patrocinadores dos eventos tem sido menor, mas ainda há captação. “Entre janeiro e fevereiro conquistamos cinco eventos para 2019”, diz. Na agenda da entidade são 300 eventos programados para 2015. É mais do que os 270 realizados no ano passado, mas ainda são insuficientes, na avaliação do setor.

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“Temos poucos espaços para eventos. Precisamos de um centro de convenções, uma boa casa de espetáculos e uma agenda mais dinâmica”, aposta o presidente do Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação do Paraná, João Jacob Mehl. Além de articulação política para colocar o turismo na pauta do desenvolvimento econômico local, as entidades garantem estar atentas às oportunidades de negócio para a iniciativa privada. “Um dos planos é transformar o antigo Pinheirão em um centro de eventos”, diz Jacob. O complexo esportivo foi arrematado em leilão por R$ 57,5 milhões pelo empresário João Destro, em junho de 2012.