A taxa de desemprego entre jovens no Brasil é 3,2 vezes superior à registrada entre adultos, apontou nesta quarta-feira (1º) o relatório "Trabalho Decente e Juventude no Brasil", organizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em parceria com o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve). Por meio da análise de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2006 e atualizados em 2008, o levantamento constatou que o índice de desemprego entre brasileiros de 15 a 24 anos é de 17,8% em relação aos 22,2 milhões de jovens economicamente ativos, ou seja, ocupados ou que procuram por uma oportunidade profissional.

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A taxa é mais do que o triplo da constatada entre adultos de 25 anos ou mais, de 5,6%. Outro dado também registrado pela pesquisa é que a porcentagem de jovens desempregados responde por quase metade da população economicamente ativa que procura por emprego: 3,9 milhões (ou 49,1%) dos 8 milhões de desocupados.

Em relação a dados anteriores do IBGE, colhidos desde 1992, a taxa de desemprego tem apresentado elevação entre os jovens de 15 a 24 anos. De 1992 a 2008, a desocupação saltou de 11,9% para 17,8%, com pico de 19,6% em 2005. No mesmo período de análise, também houve aumento, ainda que menor, do desemprego entre adultos, que passou de 4,3% para 5,6%.

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O relatório observa que a taxa de desemprego entre os jovens é agravada por variáveis como sexo e raça. Entre as mulheres, a desocupação chega a 23%, porcentagem superior aos 13,8% observados entre os homens. Já entre os homens que se reconhecem como brancos, a taxa é de 18,7%, inferior à observada entre os que se dizem negros (23%).

Quando sobrepostos esses dois fatores, a desigualdade é ainda maior. A porcentagem de desemprego entre homens brancos chega a 12,6%, quase a metade da observada entre mulheres negras (24 7%). Os pesquisadores da OIT apontam que o maior déficit de emprego entre essa população é justificado pela discriminação social de que as mulheres e os negros são vítimas.

Os analistas ainda observam que as maiores taxas de desocupação entre jovens estão nas Regiões Sudeste (20,3%), Centro-Oeste (17 7%) e Nordeste (16,7%). Quando levadas em conta as unidades da Federação, o desemprego juvenil é mais elevado no Rio de Janeiro (26%) e no Distrito Federal (25,6%). As menores taxas foram registradas no Piauí (8,6%) e em Santa Catarina (11,3%).

Além da maior incidência de desemprego entre os jovens, o relatório da OIT constatou que quase um terço dos profissionais da faixa etária entre 15 e 24 anos não têm carteira de trabalho assinada (31,4%). A informalidade entre a mão de obra jovem é mais de duas vezes superior à registrada entre os adultos (14 1%). De acordo com o estudo, a maior frequência de emprego sem carteira assinada entre os jovens se deve ao fato da maior parte estar empregada em micro e pequenas empresas, onde é maior a parcela de informalidade.

Causas e soluções

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Para a OIT, a maior incidência de desemprego entre os jovens se deve às transformações econômicas e sociais pelas quais o País passou nas décadas de 1980 e 1990, como o baixo ritmo de crescimento econômico e a desestruturação do mercado de trabalho.

O relatório ainda observou que a tendência à demissão é mais comum entre os jovens pelo hábito da faixa etária de deixar seus postos de trabalho com mais frequência do que os adultos, uma vez que costumam ter menos responsabilidades a cumprir com família e agregados. Ele ainda mostra que, embora o crescimento econômico seja uma condição necessária para a redução do desemprego juvenil, não é condição suficiente. São necessárias também políticas específicas voltadas para melhorar o padrão de inserção dos jovens no mundo do trabalho.

O estudo propõe como solução para o problema maior investimento na escolarização e qualificação dos jovens por meio de programas governamentais. Ele cita como exemplo o ProJovem Urbano e o ProJovem Trabalhador, ambos do governo federal.