A curitibana Alessandra Gold é uma das únicas mulheres designers de tênis em um mercado dominado pelos homens. Ela é sócia, diretora de criação e de marketing da marca de sapatos KruZin, grife internacional que possui 11 lojas próprias, uma em Miami e dez na Ásia. São produzidos 600 pares para cada um dos mais de 250 modelos do portfólio da marca com sede nos Estados Unidos.
Para o próximo ano, o plano da empreendedora é trazer a sua coleção para o Brasil. Alessandra está participando da sexta edição do LabModa, no shopping Pátio Batel, evento multicultural que tem como objetivo apresentar o trabalho autoral de artistas locais. A designer trouxe para o evento 200 pares e 15 modelos de tênis fashion. “O LabModa é um termômetro para ver a aceitação da KruZin no Brasil”, diz.
A possibilidade de entrar no mercado brasileiro foi motivada pela alta dólar. As grifes mais famosas de sapatos acabaram repassando o custo para o consumidor e os preços ficaram quase inacessíveis, mesmo para as classes com grande poder aquisitivo. A empresária percebeu esse movimento do mercado e aproveitou para mostrar ao público a sua marca internacional, mais acessível que modelos Versace, por exemplo.
Os preços dos tênis KruZin variam entre R$ 500 e R$ 700 e podem ser parcelados, ao contrário do que acontece no exterior. Para a designer, os diferenciais dos produtos são a fabricação e o peso. Um único par chega a ser feito com quatro materiais de alto valor agregado e o resultado final são peças leves, que pesam 200 gramas. “Há uma abertura no mercado brasileiro para produtos internacionais mais acessíveis e diferenciados.”
Carreira
Para chegar a uma posição de status, Alessandra Gold trilhou uma carreira de empreendedorismo em Curitiba. Nos anos 90, a empresária lançou as lojas Sabotagge e Cosmic Bazar ao perceber que o mercado nacional precisava de marcas intermediárias para diversificar o ramo da moda. A primeira vendia grifes internacionais e foi pioneira em trazer marcas como Diesel e linha fashion da Adidas para o Paraná. A outra comercializava peças de renomados designers nacionais.
“O maior aprendizado que eu tive desse período foi o networking, as parcerias que eu construí e que duram até hoje. Tive muito contato com empresários do ramo da moda”, explica Alessandra. As lojas tiveram quase dez anos de vida e foram fechadas porque ela não encontrou ninguém que pudesse dar continuidade aos projetos.
Por motivos pessoais, foi morar nos Estados Unidos no início dos anos 2000. Lá, não deixou a carreira de empresária de lado, apesar de ter trabalhado em um banco, na área financeira. Nos primeiros anos fundou a Goka, marca de sapatos de salto feitos à mão em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. “Quando cheguei aos Estados Unidos, fiz o contrário. Levei uma marca brasileira para o mercado americano”. A principal diferença que ela encontrou para empreender foi a forte competição. “Lá é puro capitalismo, não existe comparação”.
Em 2009, foi convidada para desenhar uma coleção cápsula para a KruZin Footwear e, com os resultados positivos, virou sócia da marca. “O segredo para o sucesso está em encontrar um mercado de nicho.”