A desigualdade atingiu nível recorde na maioria de países da OCDE, principalmente entre as economias emergentes.| Foto: Christophe Simon

A desigualdade entre ricos e pobres nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) atingiram o nível mais alto desde que os dados passaram a ser registrados, há 30 anos, segundo um relatório divulgado nesta quinta-feira (21) pela entidade.

CARREGANDO :)

“Chegamos a um ponto de inflexão. A desigualdade nos países da OCDE está em seu nível mais alto desde que existem registros. As provas mostram que a alta desigualdade é ruim para o crescimento”, declarou em comunicado o secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, Ángel Gurría.

A desigualdade atingiu “um recorde na maioria de países da OCDE e tem níveis inclusive maiores em muitas economias emergentes”, acrescenta o estudo, que coloca Chile, México, Turquia, Estados Unidos e Israel como os países desenvolvidos com mais desigualdade, frente à maior harmonização salarial de Dinamarca, Eslovênia, República Checa e Noruega.

Publicidade

Educação explica só parte da riqueza

Estudo mostra que 40% das pessoas mais ricas continuariam assim mesmo sem escolaridade

Leia a matéria completa

Descompasso

No chamado “clube dos países ricos”, 10% da população ganha 9,6 vezes mais que os 10% mais pobres. Em 2012, 40% das famílias mais pobres dos 18 países da OCDE com dados comparáveis dispunha de apenas 3% da riqueza, enquanto os 10% mais favorecidos “controlavam a metade da riqueza das famílias”.

“O 1% mais rico possuía 18%” da fortuna do conjunto das famílias analisadas, ressalta o relatório.

Segundo Gurría, que apresentou o relatório em Paris acompanhado pela delegada europeia de Emprego, Marianne Thyssen, desenvolver uma “ação política” para corrigir esse problema é uma resposta “tanto econômica como social”.

“Ao não atacar as desigualdades, os governos cortam a renda social de seus países e danificam o crescimento econômico a longo prazo”, enfatizou o principal representante da OCDE.

Publicidade

O primeiro ponto do relatório, que defende uma menor desigualdade para o benefício de todos, foca nas condições de trabalho.

“A melhor política social é o crescimento econômico”

Um dos maiores estudiosos de pobreza e desigualdade, o economista Ricardo Paes de Barros, ou PB, como é conhecido, volta à sala de aula, no Insper, para tratar dos problemas sociais que encarou nos últimos quase cinco anos na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência.

Leia a matéria completa

“A crescente porcentagem de pessoas que trabalham em meio período, com contratos temporários ou autônomas é um eixo importante da crescente desigualdade”, indicam os investigadores da OCDE.

Jovens e mulheres

Entre 1995 e 2013, a metade dos empregos criados nos países-membros da organização eram precários e “os trabalhadores temporários e pouco qualificados, em particular, tinham muitos menos renda e eram mais instáveis que os permanentes”.

O relatório da OCDE também destaca que os jovens são os mais afetados pela precariedade, já que 40% não desfruta de um posto de trabalho convencional e a metade dos contratos temporários são assinados por pessoas que ainda não completaram os 30 anos.

Publicidade

Outro fator-chave para analisar o problema é a desigualdade de gênero. O crescente número de mulheres que trabalham tem “ajudado a frear a desigualdade”, mas elas recebem 15% menos que os homens. A proporção de famílias com mulheres que trabalham “se manteve em níveis de há 20 ou 25 anos, mas a desigualdade de renda cresceu”, indica o estudo. EFE