O diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário Mesquita, afirmou nesta sexta-feira que os indicadores brasileiros sugerem que o fundo do poço da atividade no país ocorreu na virada do ano.
Ele acredita que o Brasil pode ter um segundo e um terceiro trimestres de recuperação mais forte antes de entrar em uma trajetória mais estável de crescimento.
"A maioria dos indicadores de atividade sugere que o piso da atividade provavelmente ocorreu na virada do ano", afirmou Mesquita a jornalistas ao comentar o Relatório de Inflação do segundo trimestre, divulgado pela manhã.
Ele lembrou que a maioria das projeções do mercado indica que o segundo trimestre do ano não será de contração e afirmou que, normalmente, as economias tendem a ter de um a dois trimestres de recuperação mais forte após dois trimestres de contração - como ocorreu no Brasil no quarto trimestre de 2008 e no primeiro deste.
"Os indicadores mais recentes do Brasil são construtivos", disse Mesquita.
O relatório do BC também destacou que, dada a defasagem do impacto da política monetária sobre a economia, a estimativa é que o pico do efeito do atual ciclo de corte de juros sobre a atividade ocorra no segundo semestre deste ano. Os efeitos máximos sobre os preços, por outro lado, se dariam por volta do final deste ano e início de 2010.
O diretor ponderou, contudo, que a sustentação da economia brasileira também depende do cenário mundial, onde ainda há incertezas.
O Relatório de Inflação reduziu a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano de expansão 1,2 por cento no relatório do primeiro trimestre para avanço de 0,8 por cento.
A estimativa para a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano aumentou de 4 para 4,1 por cento. Para a inflação do ano que vem, a projeção caiu de 4 para 3,9 por cento.
"A resistência observada até agora no setor de serviços tem sido, e é, um dos fundamentos para nossa projeção de crescimento de 0,8 por cento este ano", afirmou Mesquita.
Pico do desemprego em julho
Mesquita destacou, ainda, a relativa força dos indicadores de emprego no país que, segundo ele, tem sinalizado a resistência do consumo.
O BC prevê que a taxa média de desemprego em 2009 será de 8,8 por cento e que o indicador chegará em dezembro em 7,6 por cento, após atingir seu pico em julho, a 9,8 por cento.
Em 2007, a taxa média foi de 9,3 por cento e em 2008 foi de 7,9 por cento.
Mesquita disse que o aumento previsto para julho será gerado em grande parte por uma redução do desalento, já que com a prevista retomada da atividade econômica as pessoas voltam a buscar emprego, o que aumenta o número de desempregados. A metodologia do índice não considera como desempregadas as pessoas que não estão à procura de uma vaga.
Ao longo do segundo semestre, a tendência é de queda da taxa, segundo ele, pelo fator da sazonalidade e também pela retomada do crescimento prevista para o período.