A volatilidade do mercado financeiro tem trazido dias de preocupação ao investidor que apostou que a valorização do mercado brasileiro em 2008 seria parecida com a alta de 43,65% do ano passado. Em julho, o Ibovespa amargou queda de 8,48%. No ano, a desvalorização já chega a 9,8%.
As perdas, no entanto, não invalidam as vantagens e perspectivas positivas dos investimentos em renda variável, segundo especialistas consultados pelo G1. O importante, segundo eles, é segurar a ansiedade em meio às turbulências: o ganho com ações de empresas deve ser planejado para o longo prazo.
Cada ovo na sua cesta
Segundo especialistas, o segredo para não errar na hora de escolher a melhor alternativa é fazer um planejamento e diversificar, levando em conta o perfil de cada investidor.
"A decisão não é uma coisa ou outra. O melhor é sempre ter uma parcela em renda fixa e uma parcela de renda variável", explica Daniel Gorayeb, analista da Corretora Spinelli. "Assim, se a pessoa tem R$ 100 mil e coloca R$ 30 mil em ações, ela não vai se desesperar mesmo que a bolsa caia 10%."
Não adianta, garantem os economistas, ficar transferindo o dinheiro de um lado para o outro cada vez que aparecer uma dica "quente" pelo caminho dos investimentos. Principalmente na bolsa de valores, onde vender ações em baixa é o mesmo que assumir um prejuízo.
"Se o investidor tem um objetivo de longo prazo, se ele tem conhecimento e sangue frio, agüenta firme. Sair agora (na baixa) transforma o prejuízo econômico em financeiro", diz o professor Fábio Gallo Garcia, professor de finanças da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.
"A volatilidade não é razão para sair da renda variável, porque ela é normal. A melhor saída (para o investidor) é ele saber que a volatilidade existe nesse mercado e não colocar nele uma parcela maior (do dinheiro) do que consegue lidar", diz Gorayeb.
Duas perguntas
Segundo o professor Fábio Gallo, duas questões devem ser consideradas antes de descobrir se seu dinheiro deve ser aplicado em ações ou em um investimento de menos risco, como a poupança e a renda fixa.
As perguntas que o investidor deve fazer a si mesmo, segundo ele, são: "Qual é a importância desse capital para mim? (Pouca, média, muita?)"; "Vou precisar dele logo? (Prazo curto, médio, longo?)". Essas duas questões, garante o professor, ajudarão a definir o nível de risco ao qual o investidor pode se submeter.
"Por exemplo: um cara de 30 anos que tem um único dinheiro do FGTS e prometeu para a noiva casar em seis meses e o pai dela exigiu que ele compre apartamento. Horizonte: seis meses. Qual risco ele aguenta? Baixíssimo: caderneta de poupança", afirma Gallo. "Eu tenho o hábito de colocar um percentual na bolsa. (Mas) não é o dinheiro 'do leite das crianças'", diz o professor William Eid, também da FGV. Lógica de poupança
Para garantir a multiplicação de uma quantia aplicada ao longo dos anos, são necessários planejamento e disciplina. O raciocínio do investidor deve ser o mesmo para todo tipo de aplicação: o mercado de ações não é loteria. "É preciso todo mês fazer um novo aporte", diz Daniel Gorayeb.
"Você tem que encarar um investimento como uma despesa mensal", diz o analista da Corretora Spinelli. Em clubes de investimento da corretora, segundo ele, os investidores recebem boletos para avisar o dia do depósito mensal em ações. "É como se fosse uma conta, a pessoa se obriga a poupar aquele dinheiro, R$ 50, R$ 500, o quanto puder."
Primeira linha
Outra recomendação é que, em períodos turbulentos, deve-se escolher ações de empresas confiáveis e sólidas, que tendem a valorizar no longo prazo.
"Entendemos que o investimento em ações é bom para um horizonte de tempo maior. Ao longo dos anos ele deve superrar em muito a renda fixa em setores sólidos, como siderurgia, bancos", diz Gorayeb.
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