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Indústria

Diversificação originou crise na década de 90

Folia em Foz | Reprodução Bom Dia Paraná
Folia em Foz (Foto: Reprodução Bom Dia Paraná)

Fundada em 1968, a Inepar atravessou um período de forte expansão nos anos 90. De fabricante de quadros elétricos, a Inepar passou a atuar nos mais diversos ramos de atividade, desafiando a onda de desaparecimentos de tradicionais empresas paranaenses. Na época, muitas quebraram ou foram vendidas para grupos multinacionais. Mas a diversificação custou caro, e já no fim da década a impressão era de que a Inepar iria engrossar a lista formada por companhias como Hermes Macedo, Móveis Cimo, Refripar (fabricante da marca Prosdócimo), Banco Bamerindus e Mercadorama.

"O Atilano [de Oms, presidente da Inepar] é um dos maiores empresários que já passou pelo Paraná. Mas, por ter uma ambição muito grande, ele acabou se atrapalhando, dando um passo maior que a perna", diz um grande empresário paranaense. Um consultor de empresas avalia que, por investir em muitas áreas ao mesmo tempo, algumas delas de alto risco, a Inepar ficou muito "alavancada", ou seja, assumiu uma dívida muito grande. "Quando você está muito alavancado, ou seus negócios vão muito bem ou você tem de voltar atrás, e reduzir para sobreviver."

A crise financeira forçou o grupo a se desfazer de inúmeras empresas e participações em distribuidoras de energia, usinas hidrelétricas, concessionárias de veículos, companhias de TV a cabo e operadoras de telefonia como a Telemar e a extinta Global Telecom. A certa altura, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os fundos de pensão Previ, Petros e Centrus – sócios minoritários da Inepar – se recusaram a fazer novas injeções de recursos, aumentando os temores de que a empresa quebrasse de vez.

O diretor corporativo da Inepar, Jauneval de Oms, o Peteco, conta que, por atuar em muitos setores – e locais – diferentes, o grupo tinha estruturas duplicadas, o que elevava demais os gastos com pessoal e logística. "No período de hiperinflação, o desempenho das empresas ficava meio ‘camuflado’, era difícil medir sua eficiência. Com a queda da inflação, todos tiveram que se adaptar ao crescimento da competição", diz o executivo. "Além disso, os recursos para investimento ficaram cada vez mais escassos e caros. Isso nos forçou a fazer uma reestruturação total."

Endividamento

Os balanços da holding Inepar Indústria e Construções S/A mostram que, pelo menos até o terceiro trimestre do ano passado, o grupo ainda operava no vermelho.

O prejuízo entre janeiro e setembro foi de R$ 22 milhões, frente a uma receita bruta de R$ 570 milhões no mesmo período.

Os dados fechados do ano passado ainda não estão disponíveis, mas os prejuízos acumulados da empresa estavam próximos de R$ 591 milhões no fim de 2005.

No entanto, o diretor corporativo da Inepar mostra-se tranqüilo. Segundo Jauneval de Oms, embora o faturamento da empresa em 2007 deva ser muito semelhante ao que ela obtinha no auge da crise, a grande diferença está no endividamento, que caiu de R$ 1,4 bilhão para R$ 400 milhões depois que a companhia se desfez da maioria de seus ativos.

"Renegociamos nossas dívidas com todos os bancos, e conseguimos deságios nos financiamentos, além de estender os prazos de pagamento. Com foco em menos empresas e atividades, hoje faturamos o mesmo e temos um endividamento muito menor." (FJ)

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