O dólar fechou em queda ante o real nesta quarta-feira (6), com os investidores realizando lucros após a moeda norte-americana atingir a máxima em quatro meses no intradia nesta sessão e encostar em R$ 2,30. O movimento acabou, segundo operadores, evitando pressão de alta com preocupações com a Ucrânia.
A divisa norte-americana recuou 0,40%, a R$ 2,2736 na venda. Neste pregão, atingiu a máxima de R$ 2,2965 logo após a abertura, cotação mais alta desde 27 de março, quando foi a R$ 2,3005. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,2 bilhão dólares. "O dólar subiu muito nesses últimos dias... Mesmo assim, a questão da Ucrânia continua preocupando e isso limita o espaço para quedas", resumiu o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Nos seis pregões anteriores, o dólar recuou apenas em um, acumulando alta de 2,66% até a véspera, basicamente devido ao cenário externo. A Rússia reuniu cerca de 20 mil soldados na fronteira do leste da Ucrânia e pode usar a desculpa de missão humanitária para enviá-los ao território ucraniano, informou a Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta quarta-feira, seu alerta mais contundente até agora sobre um possível ataque terrestre de Moscou contra seu vizinho.
A notícia intensifica ainda mais as preocupações do mercado com a crise entre os dois países, que já levou a União Europeia e os Estados Unidos a imporem sanções contra a Rússia. O mercado teme que o impasse se traduza em punições ainda mais duras.
Essas preocupações ajudaram na véspera o dólar a subir quase 1 por cento ante o real, aproximando-o do patamar de R$ 2,30. Investidores já especulavam sobre a possibilidade de o Banco Central brasileiro agir mais para evitar novas altas, que tendem a pressionar a inflação. "É normal que o mercado fique mais arisco quando o dólar chega nesses patamares porque o BC deu sinais no passado que não quer o dólar alto", disse o operador de câmbio de uma corretora internacional. "Mas houve um movimento global de fortalecimento do dólar. Se não houver muita especulação ou volatilidade, acho que o BC deve continuar como está", acrescentou.
Pela manhã, a autoridade monetária deu continuidade às suas intervenções diárias e vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 1,5 mil contratos para 1º de junho de 2015 e 2,5 mil contratos para 2 de fevereiro de 2015, com volume correspondente a 198,6 milhões de dólares. O BC também vendeu a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em setembro. Ao todo, o BC já rolou cerca de 12% do lote total, que corresponde a 10,070 bilhões de dólares.
Desde o dia 31 passado, a moeda dos EUA se mantém acima de R$ 2,25 e, segundo analistas, não deve voltar abaixo desse nível tão cedo. "De fato, parece que todo esse clima de preocupações, de incertezas, levou o dólar se acomodou em níveis mais altos. Não vejo, pelo menos no curto prazo, um alívio que seja suficiente para fazer voltar a cair muito mais do que isso", afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
O dólar vinha oscilando entre R$ 2,20 e R$ 2,25 desde o início de abril, com breves exceções, intervalo que agradaria ao BC por não ser inflacionário e não prejudicar as exportações. Com a cena externa mais pressionada, operadores acreditam que esse piso informal esteja se deslocando para cima, para perto dos R$ 2,25.
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