O dólar fechou em queda de 2% ante o real nesta sexta-feira (20), anulando os ganhos acumulados na semana e interrompendo sequência de três altas semanais, diante do bom humor generalizado nas praças financeiras internacionais.
Operadores citaram uma série de fatores para explicar o clima favorável, incluindo o tom mais cauteloso adotado pelo Federal Reserve em sua decisão de política monetária nesta semana, o programa de compra de títulos do Banco Central Europeu (BCE) e a promessa de reformas da Grécia.
Bovespa fecha em alta de 2% e tem 1º ganho semanal após três quedas seguidas
O principal índice da Bovespa fechou a sexta-feira (20) na máxima em mais de três meses, acompanhando o viés positivo nos mercados acionários no exterior e quebrando uma sequência de três semanas de perdas, com as chamadas ações “blue chips” guiando os ganhos.
De acordo com dados preliminares, o Ibovespa avançou 2,01%, a 51.979 pontos, maior patamar desde 5 de dezembro de 2014. O volume financeiro somava R$ 6,2 bilhões.
Na semana, o índice acumulou alta de 7%, também de acordo com dados preliminares.
O noticiário corporativo local também ecoou no pregão, com Estácio disparando 12,53% após a empresa de educação divulgar resultado trimestral forte e fazer previsões para 2015, além de aventar chance de fusões e aquisições com as mudanças no programa de financiamento estudantil Fies.
Isso acabou deixando de lado, por ora, os atritos entre o governo e o Congresso e preocupações com o ajuste fiscal, mas operadores mantiveram essas questões no radar. Segundo eles, o quadro de apreensão deve sustentar a volatilidade nas próximas sessões.
A moeda norte-americana caiu 2,01%, a R$ 3,2302 na venda. Na semana, o dólar caiu 0,58% ante o real, após subir nas três semanas anteriores.
A divisa atingiu R$ 3,2017 na mínima do dia, mas reduziu as perdas na segunda metade da sessão à medida que investidores compraram dólares para se protegerem de possíveis notícias negativas no fim de semana.
Pela manhã, a moeda dos EUA chegou a subir, atingindo R$ 3,3164 na máxima da sessão, maior nível em quase 12 anos. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,7 bilhão.
Pelo mundo
“O mundo inteiro está vendendo dólares e o resultado é uma trégua aqui. Resta saber se ela vai ser duradoura ou não”, disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
O euro, por exemplo, subia cerca de 1,5% ante o dólar nesta sessão e caminhava para marcar o maior ganho semanal desde o início de 2013, pouco após o BCE começar a imprimir dinheiro para comprar títulos soberanos europeus. Também ajudou esse movimento a perspectiva de que os juros norte-americanos vão demorar um pouco mais para começar a subir e isso acontecerá de forma mais lenta.
“O Fed está sendo muito claro sobre o que está fazendo. Quando começar o aperto, será tão lento e mitigado que não terá um grande impacto”, afirmou a analista do Bulltick Katherine Rooney Vera.
Nesse contexto, o real ganhou fôlego após se desvalorizar firmemente nas últimas semanas. Investidores temem que as turbulências políticas dificultem ainda mais o reequilíbrio das contas brasileiras e têm cada vez mais dúvidas sobre se o programa de intervenção diária do Banco Central no câmbio será estendido além deste mês.
“Ajustes de cotação no curto prazo podem ser verificados, mas o processo de realinhamento de preços ainda continua”, escreveram analistas da Lerosa Investimentos em nota a clientes.
Swap cambial
Nesta manhã, o BC brasileiro deu continuidade às rações diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a US$ 97,4 milhões. Foram vendidos 650 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.350 para 1º de março de 2016.
A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, rolou cerca de 53% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.
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