O dólar teve acentuada queda nesta quarta-feira (30) e fechou na menor cotação em mais de dois anos e meio.
A moeda norte-americana recuou 1,51%, a R$ 1,627 na compra e a R$ 1,629 na venda. Este é o menor patamar desde o dia 27 de agosto de 2008, quando fechou vendida a R$ 1,622.
Esta também foi a maior queda percentual desde o dia 10 de junho do ano passado, data em que o dólar recuou 2,06%.Só esta semana, o dólar acumula queda de 1,87%; no mês, a desvalorização é de 2,04% e, no ano, a divisa norte-americana recua 2,22%.
Questionado se o aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos de bancos e empresas no exterior, com prazo de até um ano, não teria surtido efeito, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que ainda não sabia. "Não sei. Vamos ver", se limitou a dizer.
Nesta terça, Mantega disse que, entre as motivações da medida, estava justamente o objetivo de diminuir o ingresso de recursos na economia brasileira e, com isso, tentar impedir uma queda maior da cotação da moeda norte-americana no Brasil.
"Essa queda do dólar é em função dos investidores não quererem subir a cotação do pronto por causa da Ptax. Amanhã é a formação da última Ptax do mês, e o mercado vai continuar tentando derrubar a taxa para ganhar em cima disso", afirmou Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.
Os agentes costumam intensificar ajustes de posições no mercado de câmbio com a aproximação do final de cada mês, o que adiciona pressão de baixa ao dólar, segundo Battistel, uma vez que os players tentam derrubar a última Ptax do mês para obterem maiores ganhos.
A Ptax é a taxa média ponderada do dólar, que serve para a liquidação de contratos futuros e outros derivativos.
Os ajustes ocorrem principalmente no mercado futuro, em que investidores estrangeiros vêm aumentando as apostas na queda da moeda norte-americana.
De acordo com números da BM&FBovespa, os não-residentes sustentavam na véspera US$ 15,892 bilhões em exposição vendida na divisa dos EUA, maior montante desde novembro. As apostas contra o dólar vêm crescendo nos últimos dias, em meio à menor apreensão com relação às ações do governo para coibir a alta do real.
"O real está operando com a visão de que as autoridades não têm mais qualquer ferramenta que seja eficiente o bastante para sustentá-lo", disse Flavia Cattan-Naslauski, estrategista de câmbio do RBS, em Nova York. "Imagino que a visão seja de que eles (governo) não vão elaborar nada nesse momento para enfraquecer a moeda (real)", completou.
Redução das incertezas
O mercado manteve-se na defensiva desde o início de março, quando fontes afirmaram que o governo estava estudando tomar mais medidas para tentar conter a queda do dólar.
Após semanas de expectativa, as autoridades decretaram na terça-feira o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado em operações de empréstimo externo com prazo até 360 dias para 6%, com a meta de encarecer uma das principais fontes de entrada de dólares no país nos últimos meses .
Em meio à derrocada da moeda norte-americana neste pregão, o Banco Central atuou mais firmemente no mercado e comprou dólares duas vezes no segmento à vista e uma no futuro, nesta modalidade via swap cambial reverso.A demanda por swap, contudo, se mostrou bem modesta. Foram vendidos apenas 5.850 contratos, diante de uma oferta de 30 mil papéis. O volume financeiro total foi de US$ 289 milhões.
"Se o mercado fosse com sede comprar os contratos de swap, a demanda mexeria na cotação (do dólar) no futuro, o que poderia fazer o dólar à vista subir. Isso vai de encontro ao movimento da maior parte do mercado de derrubar (a moeda norte-americana) para lucrar com uma Ptax menor", explicou Battistel, da Fair Corretora.
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