A piora na nota da Espanha pela agência de classificação de risco Fitch não impediu a queda do dólar frente ao real nesta sexta-feira, em uma sessão já influenciada pelo vencimento de contratos futuros às vésperas de um fim de semana prolongado no exterior.
A moeda norte-americana terminou a R$ 1,810, em baixa de 0,88%. É o segundo dia seguido de queda do dólar.
A divisa agora acumula alta de 4,14% no mês e de 3,84% no ano.
A definição da Ptax (taxa de referência do dólar) que será usada para a liquidação de derivativos só acontece na segunda-feira, último dia do mês. Mas, com o feriado nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha e a consequente redução de liquidez, profissionais de mercado viram o início da disputa já nesta sessão.
Investidores com posições vendidas em dólar, como os bancos -- segundo dados da BM&FBovespa --, trabalham a favor da queda da moeda norte-americana. Estrangeiros, com posições compradas, têm interesse em uma cotação mais elevada.
Com a queda desta sessão, o dólar fechou no nível mais baixo desde 14 de maio, afastando-se rapidamente do patamar de R$ 1,904 atingido há apenas três dias.
"Eu espero que essa volatilidade continue. O mercado vai continuar nervoso", avaliou Francisco Carvalho, gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez.
O volume de operações era de cerca de US$ 2,5 bilhões, de acordo com dados parciais da clearing da BM&FBovespa perto do fechamento. Operadores não tinham clareza se o fluxo de capitais era positivo, como percebido na véspera.
No exterior, a decisão da Fitch de reduzir a nota da dívida soberana da Espanha a "AA+" incentivou a queda de 0,5% do euro, mas não foi capaz de repetir as fortes variações vividas pelo mercado ao longo da semana.
No final de abril, a Standard & Poor's já havia reduzido a nota da Espanha para "AA". O país enfrenta a desconfiança dos investidores por causa do grande déficit fiscal, que reduz a capacidade de honrar dívidas.
"Não acho recomendável ficar muito posicionado nesses (próximos) dias, em qualquer direção", disse o gerente de câmbio de um banco nacional, que preferiu não ser citado. "Vai ter muita novidade ainda em relação à crise europeia".