A incerteza sobre a possibilidade de intervenções mais agressivas do governo no mercado de câmbio reduziu a volatilidade do dólar nesta segunda-feira, no nono dia seguido de queda frente ao real.
O dólar caiu 0,23%, a R$ 1,716, na maior sequência de quedas desde fevereiro de 2008 e com a cotação mais baixa desde 3 de dezembro do ano passado.
Considerando o mercado futuro, em que há mais liquidez, o dia contou com a menor variação entre as cotações mínima e máxima desde agosto de 2008, segundo dados da Reuters sobre o contrato de vencimento mais próximo referentes até as 16h30.
Neste pregão, as cotações do contrato de outubro variaram entre R$ 1,7205 e R$ 1,7250. As operações, porém, seguem até as 18h no mercado futuro.
"O mercado não mexeu hoje. Abriu em queda, com números bons na China e Basileia III... mas não gerou volatilidade", resumiu Rodrigo Nassar, gerente da mesa financeira da corretora Hencorp Commcor, em referência a dados sobre atividade industrial e inflação na China e às novas regras de capital bancário, que abriram espaço para recuo do dólar no mundo inteiro.
"(O dólar) já está num nível muito baixo e o mercado fica com receio de bater um pouco mais", completou Nassar.
A longa sequência de quedas do dólar está ligada à expectativa de um ingresso volumoso de recursos no país. A maior parte viria com a capitalização da Petrobras, cuja reserva de ações já está em curso, mas há emissões de títulos que somente na semana passada somaram cerca de US$ 4 bilhões.
O receio, porém, tem relação com o discurso do governo contra a valorização do real. O Banco Central já aumentou a quantidade de dólares comprados diariamente, com dois leilões realizados por dia desde quarta-feira.
Somente na sexta-feira, de acordo com estimativas de operadores, foram comprados entre US$ 1 bilhão e US$ 1,3 bilhão. Os dados oficiais só serão conhecidos na próxima semana.
Além disso, há a possibilidade de um leilão de swap cambial.
reverso, derivativo que atua como compra de dólares pelo Banco Central no mercado futuro e que ofereceria um contraponto à enorme oferta de moeda por estrangeiros na BM&FBovespa.
Na sexta-feira, somando os contratos de dólar futuro e de cupom cambial (DDI), os investidores não-residentes exibiam US$ 11,3 bilhões em posições vendidas.
Um termômetro sobre a possível oferta de swap reverso pelo BC é a taxa local de juro em dólares, que vem subindo desde o começo do mês. Nesta segunda-feira, o FRA (forward rate agreement) de cupom cambial para novembro subia a 1,95%, maior nível em mais de um mês.