O dólar se valorizou frente às divisas de países exportadores de commodities, como o Brasil| Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Em meio a uma forte turbulência no cenário internacional, o dólar à vista fechou em alta de 1,89% frente ao real, cotado a R$ 3,559 – maior cotação desde 28 de fevereiro de 2003. A China voltou ao centro das atenções com o tombo de 8,5% do índice Xangai, o que espalhou pânico em todo o mundo.

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O temor diante da desaceleração da economia chinesa e seus reflexos negativos na economia global reforçou o movimento de aversão ao risco, e o dólar se valorizou frente às divisas de países exportadores de commodities, como o Brasil. No ano até agora, dólar já subiu 33,62%.

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Com a queda do mercado acionário chinês, todas as principais bolsas internacionais operaram em baixa nesta segunda-feira (24). A Bovespa fechou com o seu principal índice em queda de quase 3% e no menor patamar em mais de seis anos.

De acordo com dados preliminares, o Ibovespa caiu 2,79%, a 44.446 pontos, menor nível desde 20 de abril de 2009. O giro financeiro totalizava R$ 7,3 bilhões. No pior momento, logo após a abertura, o índice de referência do mercado acionário brasileiro desabou 6,50%.

A desaceleração da economia chinesa também criou incertezas sobre quando os EUA irão iniciar o processo de normalização dos juros locais. Havia expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começasse a elevar os juros em setembro. O enfraquecimento da China, no entanto, pode adiar essa decisão, até mesmo para 2016.

“A China deu início ao pânico no mundo hoje. Aliado a isso, a gente tem grande vulnerabilidade por causa das incertezas políticas”, disse o especialista em câmbio da Icap Corretora, Ítalo Abucater, para quem o dólar deve chegar a R$ 4 reais ainda este ano, mas encerrará 2015 no patamar entre R$ 3,70 e R$ 3,80.

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Cenário interno

No pior momento do dia no Brasil, o dólar chegou a ser negociado pela máxima de R$ 3,579, com alta de 2,46%. A desaceleração veio com a fala do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que enalteceu o trabalho do vice-presidente Michel Temer na coordenação política do Palácio do Planalto e anunciou “para breve” medidas de cortes de despesas, que incluem redução do número de ministérios. Na mínima do dia, que coincidiu com as declarações de Barbosa, o dólar foi negociado a R$ 3,529 (alta de 1,03%).

Essa, no entanto, foi uma das poucas influências do cenário interno nos preços dos ativos, uma vez que o nervosismo vindo do exterior se sobrepôs a fatores domésticos. Ainda assim, causou incômodo aos investidores a incerteza quanto à permanência de Michel Temer na articulação política. O mercado também mostrou algum desconforto com a ausência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em viagem a Washington, em meio à turbulência internacional.

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Swap cambial

Nesta segunda, agentes financeiros também buscavam pistas sobre a intervenção do Banco Central brasileiro no câmbio, uma vez que o órgão aumentou sua atuação na última vez em que a moeda dos EUA operou em patamares próximos aos atuais.

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Uma importante fonte da equipe econômica disse à Reuters nesta segunda-feira que o programa de swap cambial está funcionando “muito bem”, e não há necessidade de usar as reservas internacionais no mercado de câmbio.

“O BC não vai mexer nas reservas. Na teoria, ele deve dar sequência às rolagens de 100% (dos contratos de swap) até que se tenha uma luz no fim do túnel”, disse Abucater, da Icap.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 11 mil contratos de swap cambial tradicional, que equivalem a venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence no próximo mês. Ao todo, o BC já rolou US$ 7,562 bilhões, ou cerca de 75%, do total de US$ 10,027 bilhões e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote.