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Pela primeira vez desde o terceiro trimestre de 2006, as empresas vão sentir o peso de um dólar apreciado frente ao real em seus balanços financeiros. Só este mês, a moeda americana contabiliza alta de mais de 20%, o que anula toda a queda que vinha sendo registrada pelo dólar ao longo de 2008. Mas, a mudança de rota pega as companhias brasileiras menos expostas a variação cambial sobre suas dívidas.

Um levantamento feito pela Economática com as 50 empresas mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) mostra que, na média, a relação dívida em moeda estrangeira sobre patrimônio líquido das companhias brasileiras vem caindo. Em dezembro 2006, essas dívidas correspondiam a 38% do patrimônio. Em junho deste ano, último balanço financeiro divulgado, esse percentual estava 24,9%.

Mas, quando se analisa os dados isoladamente, se percebe que algumas empresas estão mais expostas às variações cambiais sobre suas dívidas, como é o caso da Gerdau, da Braskem, da Perdigão e da Gol. Essas empresas aumentaram o percentual de dívida em moeda estrangeira sobre o patrimônio desde 2006.

Fora da lista principal, que toma como base as 50 empresas mais negociadas, a Economática identifica ainda outras empresas que tiveram um aumento muito expressivo no período. Entre elas, está a Unipar. O volume de dívida em moeda estrangeira representava no segundo trimestre deste ano uma vez e meia o patrimônio da empresa.

Mas, o gerente de análise da Modal Asset, Eduardo Roche, acredita que, no geral, atualmente as companhias sentem menos o impacto da forte alta do dólar. "A situação hoje é diferente porque a exposição cambial das empresas não é tão grande como no passado", lembra. Segundo ele, a movimentação pode afetar um resultado financeiro, consumir parte do lucro no terceiro trimestre, mas, não significa uma situação drástica como houve nos outros anos de crise.

Já o estrategista-sênior de investimentos para a América Latina do West L.B, Roberto Padovani, acredita que a menor exposição cambial se deve a longa trajetória de depreciação do dólar frente ao real desde 2003, que se acentuou ainda mais a partir de 2007. O executivo não acredita em uma corrida agora por operações de hedge.

"Não tenho informação de que o hedge aumentou. Se a gente vivesse tempo de mais turbulência aqui talvez fosse o momento das pessoas acharem que isso seria um sinal de que as coisas continuariam piorando. Mas, o fato é que no Brasil dos últimos anos você não entra em uma trajetória de contínua piora, as coisas revertem. Então acho que as empresas entram menos em pânico por conta da trajetória recente", explicou.

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