O dólar fechou em queda nesta terça-feira (10), interrompendo a série de seis altas consecutivas, devido a operações de ajustes de portfólio, mas continuou oscilando perto das máximas em quase 11 anos em meio a preocupações com a política monetária dos Estados Unidos e a situação política e econômica do Brasil.
A moeda norte-americana caiu 0,82%, a R$ 3,1040 na venda, após subir mais de 1% na máxima da sessão, a R$ 3,1735, maior cotação intradia desde o fim de maio de 2004. Na mínima, a divisa também caiu mais de 1%, a R$ 3,0898.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,6 bilhão.
Cenário
O mercado vem se mantendo atento às dificuldades que o governo vem enfrentando para implementar medidas de reequilíbrio das contas públicas, o que ganhou novo ar de incerteza no fim de semana após as manifestações contrárias à presidente Dilma Rousseff.
“O dólar vem subindo com força e quem precisa vender não sabe se entra agora ou mais tarde. Por isso, é normal o câmbio dar alguns respiros, embora a tendência ainda seja definitivamente de alta”, disse o operador da corretora Walpires José Carlos Amado.
Nesta sessão, o dólar se fortaleceu nos mercados externos, refletindo expectativas de que os juros norte-americanos comecem a subir em breve, o que poderia atrair para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em outros mercados. A moeda dos EUA atingiu a máxima em doze anos contra o euro.
Para o economista da consultoria Tendências Silvio Campos Neto, “os investidores vão ficar muito cautelosos com ativos domésticos e preparados para assumir posições defensivas de olho em todos os sinais que saiam nos próximos dias”.
Campos Neto avaliou que é muito difícil falar sobre um teto para a moeda norte-americana, “num momento como esse de muita incerteza e fatores locais e externos puxando para o mesmo lado”.
Intervenção do BC
Nesse cenário, há também incertezas sobre o futuro das intervenções diários do Banco Central no câmbio, marcadas para durar pelo menos até o fim de março.
“O que deixa o mercado confuso é que já deveria ter havido algum sinal do BC, seja com o aumento da rolagem, seja com leilões de linha”, afirmou o operador de um importante banco nacional.
O BC vendeu nesta manhã a oferta total no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 25% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.
Se mantiver esse ritmo e fizer leilões até o penúltimo pregão do mês, como de praxe, rolará perto de 80% do lote de abril, diferentemente dos últimos meses, em que fez rolagens integrais.
“A ausência (da autoridade monetária) e a comunicação do governo dão a entender que eles acreditam que de fato o real estava valorizado demais e que vão reagir à alta do dólar com juros, e não com swaps”, acrescentou o operador.
A autoridade monetária também vendeu a oferta total de até 2 mil swaps pelas rações diárias, com volume correspondente a 97,9 milhões de dólares. Foram 1,5 mil contratos com vencimento em 1º de dezembro de 2015 e 500 para 1º de março de 2016.