O dólar fechou em queda nesta terça-feira (10), interrompendo a série de seis altas consecutivas, devido a operações de ajustes de portfólio, mas continuou oscilando perto das máximas em quase 11 anos em meio a preocupações com a política monetária dos Estados Unidos e a situação política e econômica do Brasil.
Ibovespa cai pelo 5ª dia seguido com exterior e venda de estrangeiros
A Bovespa registrou nesta terça-feira (10) sua quinta sessão seguida de queda, influenciada pelas perdas das bolsas dos EUA e conduzida pela forte atuação de investidores estrangeiros na venda, principalmente de papéis da Petrobras e bancos privados.
No fim do pregão, o Ibovespa terminou com baixa de 1,80%, aos 48.293,40 pontos. Na máxima, a Bovespa atingiu 49.177 pontos (-0,01%) e na mínima, 48.293 pontos (-1,81%). O giro de negócios totalizou R$ 7,870 bilhões, segundo dados preliminares. No mês de março, o Ibovespa acumula queda de 6,38% e no ano, baixa de 3,43%.
A Bovespa abriu o pregão em queda, abaixo do patamar dos 49 mil pontos, acompanhando o recuo das bolsas de Nova York. O aumento da percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) está próximo de elevar os juros dos Fed Funds, provavelmente em junho, pressionou as bolsas americanas.
No setor corporativo brasileiro, as ações da Petrobras fecharam em queda de 5,35% (ON) e 4,04% (PN). Profissionais do mercado disseram que as ações da companhia foram afetadas pelo noticiário negativo relativo à Operação Lava Jato e pela queda dos preços do petróleo, com venda de estrangeiros.
As implicações das investigações da operação Lava Jato sobre os desvios na companhia afetaram as ações dos bancos privados que possuem exposição às empresas envolvidas no esquema de corrupção na estatal. Bradesco PN, -3,33%, Bradesco ON, -2,11%, e Itaú Unibanco PN, -3,93%.
As ações da Vale também recuaram: a ON, 2,25%, e a PNA, 2,81%.
A moeda norte-americana caiu 0,82%, a R$ 3,1040 na venda, após subir mais de 1% na máxima da sessão, a R$ 3,1735, maior cotação intradia desde o fim de maio de 2004. Na mínima, a divisa também caiu mais de 1%, a R$ 3,0898.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,6 bilhão.
Cenário
O mercado vem se mantendo atento às dificuldades que o governo vem enfrentando para implementar medidas de reequilíbrio das contas públicas, o que ganhou novo ar de incerteza no fim de semana após as manifestações contrárias à presidente Dilma Rousseff.
“O dólar vem subindo com força e quem precisa vender não sabe se entra agora ou mais tarde. Por isso, é normal o câmbio dar alguns respiros, embora a tendência ainda seja definitivamente de alta”, disse o operador da corretora Walpires José Carlos Amado.
Nesta sessão, o dólar se fortaleceu nos mercados externos, refletindo expectativas de que os juros norte-americanos comecem a subir em breve, o que poderia atrair para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em outros mercados. A moeda dos EUA atingiu a máxima em doze anos contra o euro.
Para o economista da consultoria Tendências Silvio Campos Neto, “os investidores vão ficar muito cautelosos com ativos domésticos e preparados para assumir posições defensivas de olho em todos os sinais que saiam nos próximos dias”.
Campos Neto avaliou que é muito difícil falar sobre um teto para a moeda norte-americana, “num momento como esse de muita incerteza e fatores locais e externos puxando para o mesmo lado”.
Intervenção do BC
Nesse cenário, há também incertezas sobre o futuro das intervenções diários do Banco Central no câmbio, marcadas para durar pelo menos até o fim de março.
“O que deixa o mercado confuso é que já deveria ter havido algum sinal do BC, seja com o aumento da rolagem, seja com leilões de linha”, afirmou o operador de um importante banco nacional.
O BC vendeu nesta manhã a oferta total no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 25% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.
Se mantiver esse ritmo e fizer leilões até o penúltimo pregão do mês, como de praxe, rolará perto de 80% do lote de abril, diferentemente dos últimos meses, em que fez rolagens integrais.
“A ausência (da autoridade monetária) e a comunicação do governo dão a entender que eles acreditam que de fato o real estava valorizado demais e que vão reagir à alta do dólar com juros, e não com swaps”, acrescentou o operador.
A autoridade monetária também vendeu a oferta total de até 2 mil swaps pelas rações diárias, com volume correspondente a 97,9 milhões de dólares. Foram 1,5 mil contratos com vencimento em 1º de dezembro de 2015 e 500 para 1º de março de 2016.
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