O dólar fechou em alta pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira, frustrando mais uma tentativa de investidores de romper o patamar de 1,700 real após a virada dos mercados de câmbio no exterior.
A moeda norte-americana terminou a 1,722 real, com alta de 0,29 por cento. No começo da sessão, em meio à desvalorização global do dólar, a divisa chegou a ser negociada a 1,7005 real no pregão de dólar à vista da BM&FBovespa.
Mas "houve uma mexida forte no euro, de alta para queda, e nossa moeda está respondendo exatamente a isso", disse Jorge Knauer, gerente de câmbio do banco Prosper no Rio de Janeiro.
Operadores estrangeiros citaram "fatores técnicos" para justificar a virada do dólar no exterior. O volume de negócios era relativamente fraco por conta do feriado do Dia dos Veteranos, que fecha repartições públicas e uma parte dos mercados nos Estados Unidos.
Às 16h26, o dólar subia 0,15 por cento ante as principais moedas, e o euro seguia abaixo de 1,50 dólar.
Mais cedo, a queda do dólar era justificada pelos sinais positivos da economia chinesa, que mostrou em outubro o maior crescimento da produção industrial desde março de 2008, e pelo discurso de que o juro seguirá baixo por muito tempo nos Estados Unidos.
Mas Knauer comentou que o mercado interno também foi sustentado por outras notícias. Em meio à expectativa de novas medidas para frear a valorização do real, ele destacou a transferência do ex-diretor da Área Externa do Banco Central nos anos 1990 Emilio Garofalo para o Ministério da Fazenda.
"Ele sempre foi ligado ao mercado de câmbio, ao mercado internacional. É uma das pessoas que mais entendem desse mercado. Isso pode ter transmitido a sensação de que Mantega está estudando alguma providência", disse Knauer.
Garofalo esteve nesta quarta-feira no ministério para conversar com Mantega e definir detalhes do cargo e das funções que deverá assumir como assessor econômico, informou a assessoria da Fazenda.
No final da manhã, o BC informou que o fluxo cambial arrefeceu no começo de novembro, com déficit de 1,388 bilhão de dólares no mês até o dia 6. Esse dado, porém, teve menos impacto sobre os negócios.
Fluxo negativo
Além da perspectiva continuar sendo de entrada de dólares no país, principalmente por causa de operações no mercado de capitais, a saída teve pouco impacto sobre a taxa de câmbio na semana passada. Nesse período, o dólar caiu 2,11 por cento, e operadores relacionaram o movimento mais ao comportamento dos mercados internacionais, em que o dólar recuou à mínima em 15 meses diante das principais divisas.
Apesar do fluxo negativo, o BC manteve as compras de dólares no mercado à vista, com 507 milhões de dólares adquiridos em leilões com liquidação na primeira semana do mês.
As compras do BC e a saída de dólares do país possivelmente absorveram parte das posições compradas dos bancos, que haviam terminado outubro em 3,189 bilhões de dólares.
A saída de dólares do país ocorreu na terceira semana após a adoção do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de capital estrangeiro para ações e renda fixa. Na semana anterior, houve ingresso de dólares, a despeito da taxação.
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